Estrutura do jogo
O basquetebol está estruturado com base em três aspectos: táticos, situações de jogo (igualdade e desigualdade numéricas) e aspectos técnicos.
Os aspectos táticos são representados pelos sistemas de ataque e defesa e suas variações. Os sistemas de defesa podem ser: individual, zona, pressão, mistos ou combinados. O ataque pode ocorrer em forma de contra-ataque ou de ataque posicionado.
As situações de jogo são as ações individuais ou grupais de igualdade ou desigualdades numéricas. No ataque essas ações podem ser: 1×1, 2×2, 3×3, 2×1, 3×2 e 3×1. Envolvem o uso de habilidades individuais ofensivas, corta-luz direto e indireto, passes e movimentações constantes, cortes em direção à cesta. Na defesa essas situações envolvem o uso de habilidades individuais defensivas, ajuda e recuperação, flutuação e trocas de marcação.
Os aspectos técnicos são representados pelos fundamentos do jogo que pode ser de defesa (posição defensiva e deslocamentos defensivos e rebote de defesa) e de ataque (manejo de bola, drible, passes, arremessos e rebote de ataque).
Destaco que o controle de corpo é o fundamento que envolve tanto os fundamentos defensivos quanto ofensivos pois são importantíssimos para a execução de qualquer um dos fundamentos do basquetebol, sejam eles executados de forma isolada ou em combinação com outros fundamentos.
A estrutura do jogo e seus aspectos podem ser visualizados a partir da figura abaixo, adaptada de Ferreira e De Rose Jr (2010).
A execução desse complexo conjunto de ações depende do apoio de habilidades motoras e de capacidades físicas (condicionais) e coordenativas (psicomotoras), que serão descritas a seguir.
Habilidades motoras
São o conjunto de ações motoras utilizadas para execução de um fundamento ou da combinação de fundamentos. Elas podem ser:
Globais, quando envolvem a participação de grandes grupos musculares (ex: uma bandeja considerada no seu todo) ou finas, quando envolvem o controle de pequenos grupos musculares responsáveis por movimentos mais específicos (ex: momento final da bandeja – o arremesso).
Discretas, quando os movimentos têm pontos de início e fim bem definidos (ex: passe ou arremesso) ou contínuas, quando o movimento não apresenta a característica anterior (ex: drible).
As habilidades também podem ser seriadas, quando há uma combinação de movimentos envolvendo as duas formas anteriores (ex: drible, mudança de direção e bandeja).
As habilidades motoras também podem ser analisadas a partir da estabilidade do ambiente. No basquetebol predominam as habilidades realizadas em ambiente aberto, determinadas pela imprevisibilidade e ação dos companheiros de equipe e adversários. O lance-livre é, talvez, a única situação de jogo realizada em ambiente fechado, onde não ocorre interferência do ambiente: distância fixa, não presença do adversário e atleta em posição estática e bem definida.
Capacidades Motoras
As capacidades motoras são divididas em:
Capacidades físicas (ou condicionais): são capacidades fundamentais na eficiência do metabolismo energético, determinadas pelos processos metabólicos nos músculos e sistemas orgânicos. Basicamente, as capacidades condicionais são: força, velocidade, resistência e flexibilidade.
A força pode ser: de salto (rebotes, jump e bandeja), de sprint ( deslocamentos, acelerações e mudanças de direção e ritmo) e de resistência (manutenção da qualidade de execução dos movimentos durante todo o jogo).
A velocidade pode ser: de reação , de movimentos acíclicos, de sprint e de força. A velocidade é importante para que o jogador possa se deslocar com e sem bola, executar movimentos bruscos de saídas, paradas e mudanças de direção em pequenos espaços na quadra de jogo.
A resistência pode ser geral (eaeróbia e anaeróbia), responsável pela manutenção do estado básico do atleta e sua recuperação ou específica (de velocidade, de saltos e de jogo), responsável pela eficiência e intensidade na execução dos fundamentos durante todo o jogo.
Capacidades coordenativas (ou psicomotoras): São aquelas que organizam os movimentos, determinadas por componentes predominantemente relacionados ao sistema nervoso. São elas: seleção imagem-campo, coordenação multi-membros, coordenação óculo-manual, destreza manual, estabilidade braço-mão, precisão e coordenação motora geral.
Ainda há de se considerar os aspectos cognitivos que envolvem o entendimento do jogo (leitura de jogo), tomada de decisão e antecipação e os aspectos psicológicos como a ansiedade, motivação e o stress produzido pelo jogo e por todas as situações que fazem parte do processo competitivo.
Considerações finais
Como já foi frisado, o basquetebol é uma modalidade esportiva coletiva complexa e que exige do profissional que com ela irá trabalhar uma compreensão de todos os seus aspectos.
Esta compreensão também se estende às condições do praticante: sua idade, seu nível de desenvolvimento, suas características físicas, funcionais e cognitivas, para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra de modo adequado e coerente, sem que se queimem etapas.
Entender esse cenário (praticante-modalidade) é fundamental para que tenhamos crianças melhores preparadas para a prática esportiva e para que, no futuro, possa a vislumbrar a possibilidade de serem bons atletas.
Não podemos pensar no resultado imediato e nem no próximo jogo ou campeonato. Temos que pensar que se cumprirmos com a missão de despertar o gosto perene pelo basquetebol e pela prática esportiva, obteremos um imenso sucesso, contribuindo para que sejamos, verdadeiramente, um país que gosta do esporte.
Obs: as referências são as mesmas indicadas em Características do Basquetebol – parte I