Colaboradores · Psicologia do Esporte

Aspectos psicológicos em atletas de alto rendimento

Amigos do Basquetebol

Neste post trago a colaboração da psicóloga esportiva Adriana Lacerda.

Ela é Psicóloga Confederação Brasileira de Judô, Psicóloga Seleção Brasileira Sênior de Nado Sincronizado, Docente Universidade Veiga de Almeida, Especialista em Psicologia Aplicada ao Esporte de Alto Rendimento e Mestre em Ciência da Motricidade Humana.

Profissional extremamente competente ela nos traz uma visão sobre a importância da psicologia esportiva no esporte de alto rendimento

“Diante da demanda crescente pela busca por resultados no esporte de alto rendimento e próximos de sediarmos o maior evento esportivo do mundo, cada vez mais a preparação global do atleta brasileiro torna-se indispensável. Será que competir em casa ajuda ou atrapalha?

E o que faz de um atleta campeão?

Já se sabe que alguns fatores são primordiais como a preparação física, técnica/tática, estrutura e recursos para treinamento, planejamento, acompanhamento nutricional e médico. No entanto, aquela bola decisiva perdida, a braçada final, o segundo que define o primeiro e o segundo lugares estão, muitas vezes, relacionados ao equilíbrio emocional do atleta.

Altos níveis de ansiedade, falta de motivação e baixa autoconfiança são alguns aspectos psicológicos que podem interferir negativamente a performance de um atleta.

Atualmente no Brasil, clubes, federações, confederações e os próprios atletas têm recorrido ao psicólogo esportivo para atuar na preparação psicológica visando um melhor controle destes aspectos.

Uma das etapas deste trabalho compreende o treinamento de cinco habilidades mentais básicas: ativação, atenção e concentração, mentalização, estabelecimento de metas e autoconfiança.

Entende-se por ativação o nível de excitabilidade física e/ou mental do atleta e seu nível ideal é individual. Alguns atletas, dependendo da demanda do esporte e das características da personalidade, necessitam estar bem ativados para competir, outros nem tanto. A ativação também pode influenciar a capacidade do atleta em se manter concentrado na medida em que, se o atleta estiver mais ativado do que deveria a probabilidade de dispersão aumenta.

Já a atenção pode ser definida como a habilidade de focar em um determinado estímulo, e a concentração como a capacidade de mantê-la. Um bom nível de concentração permite ao atleta uma tranquilidade maior no momento da tomada de decisão.

A mentalização é considerada hoje uma das ferramentas essenciais no desenvolvimento da preparação psicológica e apresenta inúmeras possibilidades de utilização, desde a visualização de estados emocionais favoráveis, auxílio na recuperação de atletas lesionados até o aperfeiçoamento de gesto técnico esportivo.

O estabelecimento de metas é uma habilidade mental simples, eficaz e desconhecida por muitos atletas. Muitos nunca estabeleceram metas subjetivas e objetivos, de curto, médio e longo prazo.

E, por último, a autoconfiança cujo excesso ou falta podem ser extremamente prejudiciais ao desempenho. Um atleta autoconfiante acredita ser tão capaz de atingir seu objetivo que lutará arduamente para consegui-lo.

Assim como a parte técnica/tática e física, o treinamento de tais habilidades mentais deve ser sistemático e incorporado ao dia-a-dia do atleta para que sejam automatizadas. Desta forma, o atleta estará mais bem preparado para buscar o máximo de seu rendimento.

Obs: os textos dos colaboradores são de inteira responsabilidade dos mesmos e não sofrem qualquer tipo de modificação.

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A criatividade realizadora (Hermes Balbino)

Amigos do Basquetebol

Trago mais uma brilhante colaboração do Prof. Hermes Balbino.

Você já enfrentou uma situação em que aparentemente era impossível de se chegar a uma solução?

Se passou por isso, deve ter usado de estratégia de criatividade realizadora para encontrar a saída que tanto desejava.

Algumas dicas de especialistas contém uma atitude mental básica: manter a mente aberta, como se fosse um aprendiz que tem sede de saber. Se você pensar desta maneira estará a abrir as portas para agir como se fosse possível chegar onde deseja.

Muitas pessoas utilizam pouco de seu potencial de criatividade e realização e deixam de ativar os recursos e habilidades pessoais que se expressam na afirmativa “eu posso”.

Prepare-se para cada lance no jogo e na vida com crenças positivas e de fortalecimento, que ativam a concentração, coragem, inteligência e confiança.

Muitos atletas bem sucedidos no cenário esportivo usam modelos de pessoas eficientes em alguma área do desempenho humano para também usar comportamentos e habilidades que comprovaram resultados positivos através de conquistas pessoais. Essa é uma estratégia de estar na posição da pessoa durante um desafio em que se quer ter sucesso, e imaginar agindo “como se” fosse o modelo escolhido.

Os tipos de pensamento para esta estratégia são algo como: O que faria tal pessoa em meu lugar? Como agiria? O que pensaria? Quais valores organizariam a ação? Quais crenças de capacidades estariam agindo a meu favor? Ao introjetar esses elementos, você pode reconhecer em você mesmo essas virtudes que tanto admira em outras pessoas.

Disse um sábio mestre: “Tudo estava ali, e você ainda não olhava para dentro de seus próprios tesouros”.

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Benefícios psicológicos da prática do futebol de base – Marcela Herrera

Amigos do Basquetebol

Trago a colaboração da Psicóloga Esportiva Marcela Herrera, chilena, radicada em Barcelona há vários anos e que atua junto a equipes de base de diferentes clubes.

Conheci a Psicóloga Marcela na minha recente viagem ao México e seu trabalho chamou-me a atenção pela seriedade e qualidade. Marcela é Mestre em Psicologia do Esporte e Diretora do Psicoaching consultoria em Psicologiado Esporte – http://psicoaching.net

O texto refere-se ao trabalho com futebol de base, mas é perfeitamente adaptado a qualquer modalidades esportiva coletiva.

Por ser de fácil leitura e compreensão, o texto foi mantido no seu idioma original. Alguma palavras que possam não ser compreendidas têm seu correspondente em português entre parêntesis e em negrito.

El fútbol base es un deporte diferente al fútbol que se mira por televisión, tiene unas características particulares: tamaño del balón, configuración de la cancha, número de jugadores. El niño vivencia esta práctica de forma distinta que un adulto.

La práctica de este deporte supone una gran oportunidad para desarrollar (desenvolver) lazos afectivos y permite potenciar en el niño el desarrollo de otros puntos de vista “ponerse en el lugar del otro” que es una habilidad difícil de desarrollar en otras esferas.

Las consecuencias positivas de la participación en el fútbol base tienen más que ver con la calidad de las relaciones sociales que se producen en el contexto deportivo que con la competición en sí misma.

Pero también puede ser des-educativo generando en los niños imágenes distorsionadas del deporte y el ejercicio, hasta llegar a incorporar conceptos de sí mismos como personas incapaces para la práctica deportiva, valoración que podría hacerse extensiva a otras esferas de la vida.

El trabajo en equipo se basa en 3 elementos: Confianza, Cooperación y Compromiso.

Para conseguir estos objetivos cada elemento del triángulo deportivo: Jugador, Entrenador y Padres deben estar alineados con los deseos de los niños: Jugar para divertirse.

Por otro lado se entiende que el objetivo del deporte es: Educar y el objetivo de los padres y madres es Educar, entonces ¿dónde radica (está) la diferencia?. Son roles (papeis) distintos el de entrenador y el de los padres y madres.

El rol del entrenador es Educar a Través del Movimiento para potenciar destrezas psicomotrices y en la dinámica de grupo potenciar valores de lealtad, compañerismo, justicia, valor, esfuerzo, entre otros. Además de enseñar una serie de bases motrices que un niño de la categoría benjamín (5 a 8 anos) todavía necesita ajustar: salto, carrera (corrida), lanzamiento y tiro (finalização).

Por otro lado, el rol de los padres y madres en el fútbol base se entiende como Educadores a Través del Comportamiento.

Estudios relacionados señalan que las actitudes y comportamientos de los espectadores en competiciones infantiles pueden modificar:

La autopercepción del jugador: Relación entre el cómo me veo a mi mismo y la calidad de ánimo que reciben de sus padres en los partidos.

Los papás y mamás influyen en la percepción de la información y la forma de procesarla: lo que es bueno y malo, lo que es justo de lo que no lo es, la percepción ante el árbitro, ante los compañeros de los otros equipos, etc.

La Motivación: Si el clima está focalizado al aprendizaje/ diversión se asociará con esfuerzo.

Actitudes y comportamientos de gran disfrute (prazer) se asocia con baja presión de los padres.

Los ánimos de los padres tienen efectos de amortiguación (amortecimento) en situaciones negativas.

Gran presión por parte de los padres se asocia con respuestas afectivas negativas y estados de ansiedad precompetitiva.

Desarrollo Mental en Benjamines (5 a 8 anos)

Los valores, los deseos, los modelos de conducta son adquiridos inicialmente por las interacciones que los niños establecen con sus familiares más cercanos (próximos). Es rol de los padres enseñarles explícitamente normas sociales para una buena adaptación del niño en su entorno.

Para ello es importante un cierto grado de control sobre las normas y un alto grado de receptividad con el niño: escucharlo y darle soporte emocional.

El niño en estas edades todavía posee un pensamiento concreto por lo que sus amistades la basará en acciones concretas con sus compañeros de equipo: pasar el balón, compartir experiencias en la competición, el entrenamiento, etc.

El tema de ganar y perder es sólo un factor que no debiera ser el centro de las conversaciones ya que los niños se encuentran desarrollando su sentido de autoeficacia, sentido de identidad: Soy capaz de…y los partidos de fin de semana debieran servir para buscar qué es lo que se ha hecho bien y qué hicieron bien los compañeros de su equipo. Lo demás se irá mejorando en entrenamiento.

Una excesiva presión por parte de los padres y madres puede repercutir en respuestas emocionales como: exceso de ansiedad: dolor de cabeza o de barriga, náuseas, no querer comer, pasar malas noches, pensamientos de indecisión y de “no voy a poder”, entre otras respuestas inadecuadas a un juego de niños que se basa en un proceso, no en un partido; silencio (no explicar nada), arrebatos de ira o agresividad, no querer asumir ninguna responsabilidad, pobre imagen de si mismo, tristeza y apatía.

Beneficios Psicológicos de la Práctica

El fútbol base otorga gran cantidad de beneficios psicológicos, sociales y físicos:

  • Autonomía.
  • Resistencia a la frustración.
  • Alta capacidad volitiva.
  • Planteamiento de desafíos.
  • Cumplir metas.
  • Capacidad de adaptación a distintos escenarios y cambios.
  • Autoestima.
  • Sentimiento de autoeficacia (competencia percibida).
  • Socialización (aprendizaje de normas, valores, actitudes que le permiten adaptarse a la sociedad en la que viven).

Para obtenerlos totalmente es necesario que el niño se relacione positivamente con el entorno, y el padre y la madre mantener un control sobre lo que se hace y dice en ese entorno deportivo = Es Necesario Saber el Rol que Pertoca a cada Integrante del Triángulo Deportivo.

Pautas Para Motivar

A veces pensamos que motivar es gritarle a nuestros hijos para que lo hagan mejor. Pero se ha comprobado que un 5% de los niños realmente se motivan de esta forma.

Motivar quiere decir ayudarle al niño a satisfacer sus necesidades, las necesidades de un niño en fútbol base son:

  • Ganar experiencia nueva.
  • Ser reconocido por su esfuerzo.
  • Tener responsabilidades.
  • Jugar.
  • Socializarse con los demás.
  • Moverse.
  • Vivir en el presente.
  • Ser comprendido por los adultos: tiene otros problemas, aprenden de forma distinta y no piensan de forma lógica.

Si vemos a nuestro hijo que decae, podemos buscar frases que muevan: vamos, adelante! Tú puedes! Arriba!,etc.

Gritar que se tranquilicen desde fuera puede no ser muy útil, animar al grupo entero si lo es.

Si el niño pierde la paciencia, dentro del campo tendrá que aprender a autoajustarse, sí se le puede enseñar ese ajuste a partir del ejemplo que se da en casa y hablar con él en casa dando una perspectiva de la situación.

Es fundamental ayudar a los niños a ver la parte positiva en aquellas ocasiones que se sienta desanimado o frustrado por no conseguir un resultado deportivo y entre todos disfrutar de la práctica de este deporte.

El Verdadero Significado de Ganar

El éxito significa hacer el máximo posible para llegar a ser lo mejor posible según la propia capacidad.

El éxito se define en términos de compromiso y esfuerzo, no de victorias o campeonatos.

Tenemos control sobre el esfuerzo, no sobre el resultado.

Obs: os textos são de inteira responsabilidade de seus autores e não sofrem qualquer modificação em seu conteúdo.

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Como lidar com o fracasso

Amigos do Basquetebol

Mais uma grande colaboração do Prof. Hermes Balbino

Como você age quando se depara com algum tipo de insucesso?

A busca cega pelas vitórias e pela perfeição distorce a possibilidade de aprender com os erros. Para os atletas vencedores, um erro ou uma derrota pode significar um resultado de um processo que precisa de melhoria constante; ao pensarem assim, esses esportistas colocam-se na posição de eternos aprendizes. Isso aquece a chama da constante renovação dos propósitos que os mantém motivados no cumprimento de um objetivo maior, que está alinhado à sua Missão pessoal. Diz um provérbio budista que “a flecha que atinge o alvo é resultado de cem erros”. Encarar o resultado mal sucedido com gosto de fim de mundo traz angústia e sofrimento, e nos desvia do caráter mais profundo da expressão de nossos talentos.

O fracasso pode ser encarado como um sinal para reforçar o aprendizado em algum tipo de situação e quando aparece, cria uma oportunidade de desenvolvimento em alguma área que estava necessitando de progredir ou de algum ajuste mais detalhado. No aikidô o lutador une-se à força da oposição adversária e move-se com ela, utilizando-a para evitar o golpe de ataque. Considera-se assim a força oponente como um aparente revés na vida: aceitá-la e unir-se a ela, assimilando o aprendizado em benefício próprio. Michael Jordan, o espetacular jogador de basquetebol, diz que “o insucesso nos deixa mais perto de chegar onde se quer chegar”. Para lidar com esse tipo de situação, aconselha “sempre pensar positivo e buscar em cada fracasso o ‘combustível’ para uma nova tentativa”.

Muitos pequenos milagres podem ocorrer em seu dia. Tome os pequenos fracassos como feedbacks para o reajuste de rota. É possível utilizar essas situações de aparente insucesso como sinais de que o caminho tomado precisa de outra maneira de condução. Usar a flexibilidade de comportamentos oferece mais opções para resolver os desafios diários. Aprender com os fracassos é descobrir novas maneiras de se aproximar de uma conquista.

Disse Paul Valéry: “A fraqueza da força é crer apenas na força”.

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Trabalho em equipe

Amigos do Basquetebol

Mais uma brilhante colaboração do grande amigo e excelente profissional Hermes Balbino

“Como conquistar vitórias com a capacidade do trabalho em equipe? Na competição da vida diária, existe uma tendência à valorização da face individual do sucesso. Pouco se fala do trabalho de uma coletividade para que muitas vezes somente umchegue ao reconhecimento evidenciado por uma medalha ou uma premiação. Existem algumas modalidades esportivas que retratam esse cenário que é social e também presente no mundo corporativo. No futebol, por exemplo, os jogadores que fazem os gols são atletas muito valorizados por todos. No entanto, para que eles possam se destacar com suas marcas em uma partida, é preciso que recebam o passe para o arremate final, ou que os defensores impeçam a ação da ofensiva adversária, o que resulta em um desarme, para que ocorra uma armação de ataque que resulta no passe final rumo ao chute fatal.

Temos outro exemplo para ilustrar a importância do trabalho em equipe: o tênis, uma modalidade essencialmente individual. Nem o técnico pode entrar na quadra para instruir a atuação tática ou corrigir alguma técnica do tenista durante um jogo. O atleta atua solitariamente, mas em sua preparação, recorre aos profissionais que podem dar suporte para os desempenhos ousados dos vencedores. Novak Djokovic, tenista sérvio que é hoje um dos mais vencedores dos últimos dez anos, dá um exemplo do reconhecimento ao trabalho de grupo que sustenta os vencedores, quando publicamente agradece aos seus técnicos e companheiros de treinamento, e mostra que sem a dedicação e o trabalho profissional dos especialistas, talvez não chegasse às seguidas vitórias em jogos e às conquistas de tantos campeonatos.

Seja no futebol, ou no tênis, leva-se algum tempo para entender isso. É um processo de operação conjunta, cooperativa e de desapego do ego, pois em nossa sociedade o valor dado às conquistas que levam às pessoas à posição de superastro sufoca a necessidade de funcionar especificamente para os ganhos e resultados do trabalho do conjunto, tomado como um todo.

Michael Jordan, um dos maiores atletas do basquetebol de todos os tempos, após ganhar seis títulos da NBA, campeonato americano de basquetebol, afirma que “havia um entendimento quanto ao papel que cada um dos 12 jogadores desempenhava; conhecíamos nossas responsabilidades e habilidades. Quando pisávamos em quadra, sabíamos do que éramos capazes. Em situações de pressão, os jogadores pareciam se conectar uns aos outros, como um conjunto coeso. É por essa razão que conseguíamos vencer tantas disputas apertadas. Foi por isso que conseguimos derrotar equipes mais talentosas”.

Muitos vencedores no esporte e na vida dizem que ao projetar e alcançar resultados em equipe, as recompensas individuais serão fruto da doação incondicional.

Diz Michael Jordan: “prefiro contar com cinco jogadores menos talentosos, porém dispostos a fazer coisas juntos do que com cinco que se consideram astros e não se mostram dispostos a se sacrificar em prol do conjunto”.

Se você pode fazer algo dar certo em equipe, faça dar certo com a equipe! “

Psicologia do Esporte

Agressividade vs. Agressão

Amigos do Basquetebol

Um dos temas mais interessantes da Psicologia do Esporte diz respeito á Agressividade.

Normalmente, essa característica, que tem traços positivos, é confundida com a agressão que tem uma conotação negativa.

Para tentar esclarecer um pouco mais sobre este assunto utilizei o livro Sport Psychology: key concepts (Ellis Cashmore – Ed. Routledge, Londres, 2002), do qual fiz a tradução e as adaptações.

A agressão é um termo  para definir comportamentos que envolvem hostilidade, violação e prejuízo físico. Mas há controvérsias a respeito desses comportamentos. Alguns autores defendem que nem sempre o prejuízo físico é intencional. No esporte alguém pode ferir um companheiro acidentalmente e isto não pode caracterizar uma agressão.

Assim sendo, pode haver dois tipos de agressão:

Hostil, quando há a  intenção de causar dano a alguém e Instrumental quando não há a intenção de machucar ou causar dano, mas sim criar uma situação para dificultar a ação de um adversário ou equipe. Exemplo no basquetebol seria a falta anti-desportiva. Ela tanto pode conter um componente hostil (com a intenção de provocar um dano ao adversário), quanto pode servir para parar um contra-ataque sem que, necessariamente, qualquer dano seja causado.

A linha que separa a agressão hostil da instrumental, muitas vezes, é muito tênue e difícil de ser determinada, o que pode causar muitos problemas entre os atletas.

A agressividade, por sua vez, é a expressão de um comportamento assertivo, dominante e forte com objetivos bem definidos, mas que não envolvem, necessariamente, a intenção de causar danos, apesar de eventualmente isto acontecer pelo excesso de entusiasmo e força empregada.

No esporte, a agressividade é aplaudida e comemorada, enquanto a agressão carrega uma conotação negativa.

Como a agressividade ás vezes é utilizada para justificar comportamentos agressivos e que causam danos, autores como Husman e Silva recomendam o uso do termo “assertividade” para caracterizar o que entendemos por agressividade.

A agressividade ou assertividade é um tipo de comportamento que envolve frequentemente o uso legal da força física e até mesmo verbal e requer energia e esforço acima do normal. Esse comportamento não pode ser utilizado com a intenção de prejudicar outros atletas e tampouco violar as regras do esporte.

A agressividade no esporte é totalmente instrumental pois ela tem objetivos claros que podem ser específicos (como no caso de uma defesa pressão para retomar a posse de bola) ou gerais (como o domínio durante um jogo todo).  Ela deve ser demonstrada para que o objetivo fique claro e o adversário tenha a chance de se prevenir, dentro das regras do jogo.

A agressividade no senso comum é relacionada à garra e à vontade de vencer. É sempre um comportamento desejado mas que deve ser controlado para que não se torne uma agressão e prejudique os adversários e de certa forma, também a própria equipe.

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Esporte e violência

Amigos do Basquetebol

O tema “Esporte e Violência” será abordado pelo Prof. Dr.José Eduardo Costa de Oliveira, professor e pesquisador do PROASE/USP de Ribeirão Preto.

Na contemporaneidade, bem como no passado, sempre foi notório que alguns Esportes têm imbricados vários tipos de competições que envolvem força, disputa, contato físico excessivo, e ações que podem ser percebidas como violentas, a exemplo de modalidades como o MMA, o Basquetebol, o Rúgbi, o Futebol Americano, o Hóquei no Gelo, o Boxe e etc.; onde as regras pré-determinam muitas das ações dos praticantes, visando à prevenção da violência. Portanto, uma das principais características do Esporte contemporâneo, é a presença das regras.

Nesse sentido, com o objetivo de se estabelecer as analogias entre estes dois fenômenos sociais – Esporte & Violência – ressaltamos que, ainda que existam grandes dificuldades para se definir o que se nomeia de Violência no Esporte, bem como que existam poucos elementos que a vinculem, diretamente, com o fenômeno esportivo (ao menos aqueles relacionados à sua gênese), que a Violência no Esporte pode ser entendida como o uso da força física e/ou do constrangimento psíquico para obrigar alguém a agir de modo contrário à sua natureza e ao seu ser, dentro do ambiente esportivo, perpetrado, quer seja pelos praticantes ou pelos espectadores.

A violência, enquanto fenômeno do campo esportivo pode ser considerada como um processo social-cultural complexo, no qual intervêm fatores estruturais, ideológicos, financeiros e culturais, onde este fenômeno também pode ser caracterizado quando um, ou vários atores agem de forma direta ou indireta, maciça ou espaçadamente, causando incursões a uma ou mais pessoas, mesmo que em graus variáveis em sua integridade física, moral, material ou em suas participações simbólicas e culturais.

O contexto histórico da violência esportiva se traduz a reboque das sangrentas batalhas no Coliseu da Roma Antiga, que se iniciaram em função da política dos Imperadores Romanos, que frente ao descontentamento dos cidadãos para com a realidade social da época, viram na – Política do Pão e Circo – uma maneira vil de acalmar a população, servindo-lhes o sangue dos gladiadores, enquanto espetáculo esportivo, e, portanto – entretenimento – acompanhado de – comida – nos eventos esportivos. Verdadeira gênese da violência no esporte, que também absorvia e retransmitia a violência social da época, através da ratificação da subserviência da população, frente ao domínio do Estado.

Neste mesmo cenário, a violência esportiva também se destaca através das – torcidas organizadas – que configuram-se como a principal mola propulsora dos eventos violentos da atualidade, particularmente, quando relacionada aos episódios futebolísticos; como pode ser observado naquilo que fora denominado de comportamento – Hooligan. Quando ao final dos certames esportivos, uma verdadeira batalha é comumente instaurada entre as torcidas organizadas, culminando em comportamentos violentos para com os torcedores de outras equipes, bem como gerando situações de violência e depredação do patrimônio público e privado.

A palavra Hooligan começou a ser associada com a violência nos esportes, em especial a partir da década de 1960 no Reino Unido, com o “Hooliganismo” no Futebol, onde cita-se como a maior demonstração de violência, a tragédia do Estádio do Heysel, na Bélgica, durante a final da Taça dos Campeões Europeus de 1985, entre o Liverpool da Inglaterra e a Juventus da Itália. O episódio resultou em 38 mortos e um número indeterminado de feridos. Os hooligans ingleses foram responsabilizados pelo incidente, o que resultou na proibição das equipes britânicas participarem em competições europeias por um período de cinco anos.

Existem várias teorias sobre a origem da palavra “Hooligan “. O Compact Oxford English Dictionary afirma que ela pode ter origem do sobrenome de uma família fictícia Rowdy irlandesa em uma canção de music hall da década de 1890. Clarence Rooks, em seu livro de 1899, Hooligan Nights, alegou que a palavra veio de Patrick Hoolihan (ou Hooligan), um fanfarrão e ladrão irlandês que vivia no bairro londrino de Southwark. Outro escritor, Earnest Weekley, escreveu em seu livro de 1912, Romance of Words, que os Hooligans originais eram uma família de espírito irlandês com esse nome, cujo comportamento animou a monotonia da vida em Southwark por cerca de quatorze anos.

Também foram feitas referências a uma família rural irlandesa do século XIX com o sobrenome Houlihan, que eram conhecidos por seu estilo de vida selvagem, que depois evoluiu o nome para O’Holohan, de acordo com as tradições de famílias irlandesas do O’ para começar o nome. Outra teoria é que o termo vem de uma gangue de rua em Islington chamada Hooley. Ainda há outra teoria em que o termo é baseado em uma palavra irlandesa, houlie, o que significa um selvagem ou espírito festivo.

No entanto, é noutra possibilidade de violência, onde suas manifestações são predominantemente comportamentais, variando de agressões verbais, pelas ações das pessoas, ou ainda pela discriminação racial, sexual ou religiosa que existe na sociedade, e que agora emanou para os campos desportivos, que mais se tem observado, quando o contexto analisado se relaciona com o Esporte, ou seja: a violência simbólica. Particularmente quando remetida aos casos de racismo, onde o relatório das Nações Unidas de 2005 expressou preocupação pelo seu aumento no Futebol; um esporte que pode ser uma ferramenta útil para o desenvolvimento e a paz internacional, mas, ao contrário disto, tem potencializado esses comportamentos sociais indesejados.

A violência simbólica é definida quando ela trata de se manifestar através de ações abstratas de superioridade, de uma pessoa ou grupo sobre o outro.

O aumento da violência e dos incidentes abertamente racistas estão ilustrados não só pelas ações de alguns simpatizantes sobre discriminação e xenofobia, mas, também, são constatadas em comentários e ações de treinadores de clubes que minimizam ou legitimam esses casos.

O fenômeno do racismo no Esporte, por exemplo, é caracterizado, em geral, por atitudes inconsequentes, desrespeitosas e hostis para com outro ser humano, geralmente de cor, raça, religião e etc., diferente a do agressor, que pode se manifestar na forma de agressões físicas ou psicológica, principalmente.

Cita-se o exemplo recente do amistoso da Seleção Brasileira de Futebol em 26/03/2011, contra a seleção Irlandesa, onde o jogador Neymar Jr., ao ser substituído no final do segundo tempo, recebeu uma banana atirada pelos torcedores irlandeses.

Por fim, é fato que urge a importância de se empreender ações que possam gerar subsídios para novas análises e aprofundamento da temática da Violência no Esporte, pois, observamos o fato dela se manifestar no interior das arenas desportivas e no entorno delas, perfazer uma reprodução da violência instaurada nas sociedades e que foi construída ao longo de décadas de subserviência da população ao poder do Estado. Portanto, tem relações diretas com o poder.

Outra conclusão passível de ser construída é o fato de quão se tornou comum, contemporaneamente, atos de discriminação racial, que apesar de não serem concretos o suficiente para serem enquadrados como crime, pois, segundo algumas autoridades o racismo é muito complexo, se manifesta de diversas formas e parece estar internalizado no comportamento e no cotidiano das pessoas, particularmente no ambiente esportivo, externalizado desde uma simples piada, nos apelidos, na chacota, chegando até as manifestações de constrangimento e nas agressões físicas e verbais aos negros, homossexuais, mulheres, árabes, judeus e nos portadores de necessidades especiais, onde enfatizamos que o Esporte é uma importante ferramenta de enfrentamento desta problemática, mas, que deve-se considerar a polissemia da questão.

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Como você lida com o sucesso?

Amigos do Basquetebol

Neste post trago a colaboração do meu grande amigo e excelente profissional Hermes Balbino.

Hermes é psicólogo, Doutor em Educação Física pela UNICAMP, ex-preparador físico da seleção brasileira feminina Campeão do Mundo (1994), Medalha de Prata em Atlanta (1996) e Medalha de Bronze em Sydney (2000).

O Prof. Hermes nos traz um tema interessante sobre como lidar com o sucesso. Vamos ao texto:

Como você lida com o sucesso?

Chegar a um ponto máximo de uma conquista traz uma sensação indescritível, e é uma das etapas para a realização pessoal. Consegue aceitar que merece a experiência de sentir a felicidade da realização? E quanto custa manter-se neste nível de cumprir etapas bem sucedidas? Você está preparado para assumir as responsabilidades que o sucesso traz?

Um fato ocorrido com o tenista John McEnroe, após vencer de maneira espetacular seu adversário Bjorn Borg, chama a atenção para a possibilidade aparentemente impossível: o medo do sucesso. Após essa vitória, McEnroe tornou-se o tenista número 1 do ranking mundial e confessa que a adaptação a esta nova posição foi difícil e custosa, pois tornou-se para ele muito mais um peso do que uma conquista e reconhecimento pelos seus esforços. Foi notório que sua técnica e seu jogo caíram sensivelmente: “eu não conseguia ajeitar as coisas, e não sei por quê”. Os medos decorrentes das responsabilidades pela manutenção desta posição cobravam um outro investimento de McEnroe, pois sendo o primeiro, a vista mudara sensivelmente.

Quando vencemos um desafio, tem-se a ilusão de que este ponto é o último de uma jornada e o descanso para desfrutar desta glória aparente será o prêmio merecido pelos investimentos de um longo caminho. No entanto, depois dos momentos de felicidade inicial, a ilusão se desfaz.

Jerry Lynch nos ensina que assim como não devemos nos apegar às experiências frustradas pelo insucesso, não devemos nos apegar às nossas vitórias. Os momentos de triunfo servem de apoio a novos momentos de desafios que estão por vir. Vencer ou perder significa resultado alcançado ou não. Após esse momento, outro ciclo se abre e devemos estar prontos e renovados para começar tudo novamente, pois a jornada pessoal não termina com uma conquista, seja ela qual for. É ilusão para o homem ‘ter que’ manter a posição no topo, em qualquer domínio das atividades humanas, sejam esportivas ou do mundo organizacional. Por isso, não precisamos temer o sucesso, pois ele sempre será seguido por novos ciclos que se iniciam após alcançá-lo.

Para alguns atletas, o sucesso pode tornar-se um monstro com o decorrer do tempo, e passam a sabotar de maneira inconsciente a possibilidade de vencer, interrompendo o fluxo de seus esforços ao adoecer ou sofrerem com lesões surpreendentes às vésperas de grandes desafios. Associam a vitória com o enorme estresse que o sucesso traz. Ao pensarem assim, o desempenho decai, e tornam-se susceptíveis a erros e à inconsistência da performance. Aqui devemos lembrar que as pessoas que participam de um contexto que exige resultados estão sujeitas a falhas, se estão dispostas a fazer coisas com qualidade. No entanto, aprender com falhas não significa que se deve desejá-la, pois podem vir antes do tempo. O sucesso, ao contrário do que muitos pensam, alavanca outras áreas da vida como trabalho, família, amigos, e pode trazer à tona a possibilidade de dedicar-se mais a uma atividade em que alguém se mostra especialista por fazer algo bem feito.

Diz a Sabedoria: “Faça o que gosta de fazer e torne-se um mestre nisso”.

Leituras · Psicologia do Esporte

Liderança segundo Abraham Lincoln

Amigos do Basquetebol

Há alguns anos li um livro muito interessante que aborda o tema liderança. O título do livro é “Liderança segundo Abraham Lincoln: estratégias para tempos de crise” (Donald T. Philips – Ed. Landscape -1992).

O autor relata e examina as diversas habilidades de liderança do ex-presidente norte-americano e como elas podem ser aplicadas.

Por ser um tema muito relacionado às nossas atividades de direção de equipe, trago  a vocês alguns dos tópicos que podem nos ajudar nesta difícil tarefa.

– Saia de sua “torre de marfim” e vá conhecer seu pessoal. É a única maneira de descobrir o que, de fato, está acontecendo no seu ambiente de trabalho. Interaja com as pessoas;

– Liderança consiste em induzir seus seguidores a agir em busca de determinado objetivos que representam os valores e motivações tanto dos líderes, quanto de seus seguidores;

– Liderar é principalmente prestar atenção;

– Se as pessoas sabem que têm fácil acesso ao seu líder, elas tendem a vê-lo de um modo mais confiante;

– Para tomar decisões recorra a relatos (relatórios) de pessoas de sua confiança, vá a campo para obter informações e recorra à tecnologia (na época ele se referia ao telégrafo);

– Não se recuse a receber as pessoas que te procuram;

– Seja afável e tenha bom temperamento;

– Um bom líder tem que escutar pelo menos tanto quanto precisa falar;

– enfrentar uma “guerra” de cada vez;

– Use a persuasão em vez da coerção;

– Delegue responsabilidades a pessoas que têm iniciativa;

– Você pode ser a vítima de uma liderança ditatorial;

– Honestidade e integridade são as melhores políticas;

– Dê às pessoas oportunidades justas, com condições iguais de liberdade e oportunidade de sucesso a todos;

– As pessoas reagem melhor quando um líder age com bondade e empatia do que por um líder vingativo e rancoroso;

– Toque as pessoas com o que há de melhor nelas;

– Nunca deixe  um mal entendido sem esclarecimento;

– Faça o melhor que souber e que puder;

– Ser consistente não significa ser inflexível;

– Não se renda ao jogo antes de jogar todas as cartas disponíveis;

– Ao tomar uma decisão, entenda os fatos, considere as várias soluções e suas consequências. Tenha a certeza de que a decisão é consistente. Comunique sua decisão com firmeza;

– Acate ideias, mas não deixe de monitorá-las;

– Estabeleça metas e persiga os resultados;

– Una as pessoas em torno de uma meta coletiva;

– Cuide de suas tarefas a cada dia, a cada hora;

– Um verdadeiro líder não é apenas um instrumento de mudança. Ele é o responsável pela mudança;

– Os melhores líderes nunca deixam de aprender.

 

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Ensinando o atleta a lidar com a pressão

Amigos do Basquetebol
Neste post Carla Di Pierro (Psicóloga do esporte do Time Brasil COB e coordenadora do curso de especialização em Psicologia do Esporte do Núcleo Paradigma – São Paulo), abordará um tema muito recorrente nos meios competitivos: como um atleta deve lidar com a pressão.
O esporte de alto rendimento tem no nome seu objetivo: rendimento.
O atleta e sua equipe precisam render vitórias, quebra de recordes, emoção para sua torcida e visibilidade para seu patrocinador e a performance do atleta é a única capaz de realizar tudo isso.

As cobranças pelo resultado são muitas e vêm de diferentes fontes desde o treinador, a torcida, o clube, os dirigentes, o patrocinador até a família. Mas muitas vezes a maior cobrança vem do próprio atleta, que quer com todas as forças ser o melhor, que persegue obsessivamente o acerto e a perfeição e doa sua juventude para isso.

Sim, os atletas são jovens, na maioria das vezes começam crianças, e na adolescência estão completamente envolvidos nas idas e vindas dos treinos, na alimentação regrada e no sono contado. Viajam, mas para competir, e relaxam num único day off, que às vezes acontece mensalmente. Mas na maioria dos casos descanso mesmo é nas férias (uma semana no ano está bom?) antes da pré-temporada, momento que começa a preparação para o início de mais um ano em busca por resultados melhores.

Após investir toda a adolescência, fase de transição na nossa cultura para preparar melhor a criança para enfrentar as responsabilidades da vida adulta, o atleta chega à categoria profissional. É quando a cobrança aumenta. Já que ele é adulto e profissional deve estar preparado para enfrentar qualquer adversário, obstáculo ou pressão de onde vier, certo?

Sim e não, eu explico.

Sim, porque o atleta profissional deve ter a habilidade de lidar com pressão. Esta habilidade é determinante para que ele possa colocar em prática sua técnica na hora da competição, para equilibrar seus ânimos quando é exigido pela torcida ou quando é desafiado pelos seus adversários e para lidar com a dor e cansaço promovidos pela dura rotina de treinamento.

Não, porque o atleta, apesar de ser exigido como alguém que deve estar preparado para tudo o que vier não é uma máquina de resultados, é uma pessoa que tem uma história, e que dedicou boa parte dela ao esporte.

A maioria desconhece a rotina do atleta de alto rendimento pois o que mais aparece ao público em geral são apenas algumas das consequências da alta performance: fama, vitória e sucesso. Por trás desses resultados há também fracassos, tentativas e erros e um processo longo, desenhado através de uma história que começou a ser escrita quando ele foi concebido e mais tarde quando a criança ou o adolescente escolhe por uma modalidade esportiva, ou quando escolhem por ele, já que na maior parte das vezes a escolha dos pais e o apoio deles é decisivo para que ele se torne um atleta.

É a partir do momento da escolha pela vida de atleta que a criança e o adolescente se envolvem com uma vida diferente dos colegas, mais restrita aos treinos e ao ambiente da modalidade escolhida e abdica de uma vida social “normal”.

Para qualquer pessoa desenvolver qualquer habilidade ela precisa de treino e isso é uma das coisas que difere as pessoas comuns dos atletas. Além do que chamam de talento, os atletas precisam treinar duro e por isso treinam muito desde cedo e isso os faz diferente. Mas o treino físico desenvolve a habilidades físicas e o treino técnico as habilidades técnicas. Mas o que desenvolve a habilidade de enfrentar pressão? E de solucionar problemas?

Para enfrentar pressão precisamos lidar com os sentimentos e as emoções que ela provoca, pensar, raciocinar e decidir como enfrentá-la e isso também precisa de treino.

A resolução de um problema não se dá apenas através do pensamento ou raciocínio internamente.É um processo que ocorre a partir de uma aprendizagem. Aquilo que aprendo em uma situação anterior posso usar, em parte, o que funcionou para resolver um novo problema. Sendo assim a resolução de problemas não é interna e nem aleatória , ela depende de uma história de aprendizado do atleta, ninguém neste caso pode fazer por ele.

Muitas vezes focados no treino físico, técnico e tático, o atleta pouco desenvolve e pratica suas habilidades psicológicas e sociais. Ele tem pouco tempo para gastar com este aprendizado que só acontece quando ele se expõe nas relações com o mundo, quando precisa decidir, opinar, quando precisa se relacionar e olhar para si mesmo. Por quê gastar tempo com isso se ele pode treinar?

Porque observar sensações e sentimentos e saber o que fazer com eles é treinar auto-conhecimento, é um treino para a vida. Quanto mais o atleta se conhece, mais sabe o que quer de verdade e aonde quer chegar, mesmo que isto custe abdicar de algumas coisas. E treinar como resolver problemas é ganhar autonomia emocional, é ter liberdade de escolha, ter opinião e força para tomar decisões e enfrentar a cobrança venha de onde vier.

Esta não é uma lição de casa apenas para os atletas, mas para todos envolvidos com o esporte que acompanham atletas no dia-a-dia e o ajudam na construção desta história. São essas pessoas envolvidas no desenvolvimento do atleta os maiores facilitadores desta aprendizagem, mas para que aconteça precisam estar abertos à ela.

carla@carladipierro.com.br
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