História do Basquetebol · Mundial Feminino · Todos os posts

1971: 40 anos do Mundial de Basquetebol Feminino

Amigos do Basquetebol

No mês de maio comemoraremos os 40 anos da realização do Mundial de Basquetebol Feminino no Brasil. É uma data muito significativa para o esporte brasileiro, pois pode ser considerada como um ponto importante para a grande evolução do basquetebol feminino que já vinha se destacando desde o Pan Americano de 1963, em São Paulo, obtendo a medalha de prata e no Pan de 1967, quando nos sagramos campeões, fato que se repetiria no torneio de 1971.

Este Mundial foi disputado por 13 equipes divididas em três grupos de quatro equipes cada uma, classificando-se as duas primeiras que se juntaram ao Brasil na fase final que foi disputada em turno completo.

Os jogos da primeira fase foram realizados em Recife, Brasília, Niteroi e S.Paulo e a fase final em S.Paulo no ginásio do Ibirapuera que recebeu grande público em todas as rodadas desta fase.

Até os anos 80 o basquetebol feminino era totalmente dominado pela União Soviética, equipe que se manteve invicta por um longo período e que tinha como principal atração a gigante Uliana Semenova, que foi a cestinha do campeonato com 168 pts (24,0 por jogo). E não foi diferente nesta competição.

A União Soviética sagrou-se campeã, seguida da Tchecoslováquia e com o Brasil obtendo um terceiro posto histórico.

Histórica também foi a vitória contra o Japão, em um jogo decidido na última bola, faltando 1 segundo, quando nossa pivô, recém falecida, Nilza acertou um arremesso fantástico da zona morta. O Ibirapuera completamente lotado veio abaixo.

Naquela época o basquetebol era transmitido em preto e branco com Luiz Noriega e Orlando Duarte.

As equipes

Além da União Soviética, Tchecoslováquia e Brasil, participaram as seguintes equipes, em ordem de classificação: Coreia do Sul, Japão, França, Cuba, Estados Unidos, Austrália, Canadá, Argentina, Equador e Madagascar.

Os classificados:

Terminada a primeira fase, classificaram-se para a fase final: Tchecoslováquia e Japão (grupo A), Coreia e França (grupo B) e União Soviética e Cuba (grupo C).

O maior placar do campeonato e também a maior diferença de pontos aconteceu no jogo Japão vs. Madagascar, onde as nipônicas venceram por 121 a 28 (93 pts. de diferença)

O Brasil

Nossa equipe, dirigida pelo professor Waldyr Pagan Perez, um ícone do nosso basquetebol, era composta pelas seguintes jogadoras  (entre parênteses está o número de jogos e os pontos anotados): Laís (4,6), Heleninha (6,40), Odila (6,18), Elzinha (5,4), Nilza (6,87), Maria Helena (6,27), Norminha (6,64), Jacy (1,0), Nadir (3,2), Marlene (6,64), Delcy (6,60) e Benedita (2,0).

O Brasil realizou seis jogos nessa fase final, obtendo 4 vitórias e 2 derrotas, marcando 372 pts (62,0) e sofrendo 399 (66,5). Nossa cestinha foi a pivô Nilza com 87 pts (média de 14,5 por jogo).

Os jogos do Brasil

Brasil 55 – 51 França

Brasil 70 – 63 Coreia do Sul

Brasil 77 – 76 Japão

Brasil 62 – 59 Cuba

Brasil 59 – 68 Tchecoslováquia

Brasil 49 – 82 União Soviética

Com certeza, este campeonato será sempre citado como referência para o basquetebol feminino, pois dele participaram grandes estrelas do nosso esporte, comandadas por um grande técnico que seria, posteriormente, brindado com o título de Campeão Mundial em 1994 e medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 1996, como supervisor daquela também brilhante geração do basquetebol feminino.

A essas mulheres fantásticas e ao Prof. Pagan, nossos agradecimentos pela contribuição que deixaram aos apaixonados pelo basquetebol e pelos belos exemplos para as gerações que se seguiram.

O maravilhoso time de 71

Norminha e sua batalha contra a gigante Semenova

 Prof. Waldir Pagan (ao lado da bandeira do Brasil) – supervisor da seleção Campeã Mundial de 1994

Grande exemplo a ser seguido

História do Basquetebol · Todos os posts

Fundação Pedro Ferrandiz: uma visita pela história do basquetebol

Amigos do Basquetebol

Neste post vou falar sobre um das instituições mais importantes do basquetebol mundial. Refiro-me à Fundação Pedro Ferraniz,.

Pedro Ferrandiz foi um dos grandes treinadores mundiais, dirigindo a equipe do Real Madrid por mais de duas décadas, conquistando inúmeros títulos nacionais e europeus. Também foi treinador da Seleção Espanhola e professor do Instituto Nacional de Educação Física da Espanha.

Após ter se retirado das quadras, Ferrandiz criou uma instituição que tem como principal objetivo resgatar e preservar a memória do basquetebol mundial. A Fundação Pedro Ferrandiz, através de seu Centro Internacional de Documentação e Investigação do Basquetebol está concebida para fomentar a recuperação e manutenção do patrimônio cultural do Basquetebol Mundial. Sua principal missão é a investigação histórica e o estudo das possibilidades atuais e futuras de nosso esporte.

A Fundação Pedro Ferrandiz encontra-se nos arredores de Madrid (veja endereço abaixo) e tambem acomoda o Hall da Fama da FIBA.

Edificio Borislav Stankovic, Avda. Olímpica, 22 – Arroyo de la Vega
28108 Alcobendas, Madrid – España
Tel: (+34) 91 662 19 13 / 91 662 17 84 Fax (+34) 91 661 90 99
E-Mail: fpferrandiz@fpferrandiz.org
HORARIO: Segunda a sexta das 9:30 às 13:30 e 17:00 às 20:00

Vale a pena uma visita para aqueles que tiverem a oportunidade de estar em Madrid.

Caso contrário, o site www.fpferrandiz.org oferece uma viagem virtual muito interessante, na qual se destaca a maior biblioteca de basquetebol do mundo, além de uma videoteca e coleção de fotos impressionantes.

Para quem gosta de Basquetebol é uma visita obrigatória.

 

 Ferrandiz comemorando um de seus inúmeros títulos como treinador do Real Madrid

Entrada do Museu e do Hall da Fama da Fiba

Leituras · Opinião do autor · Todos os posts

Boas Leituras: segredos de um campeão e biografias

Amigos do basquetebol

Na séria Boas Leituras recomendo as seguintes obras.

Transformando Suor em Ouro: tendo John Wooden como um de seus inspiradores, Bernardinho mostra aspectos interressantes de sua brilhante carreira e de como transformou-se em um dos treinadores mais importantes da história do esporte mundial.

Editora Sextante: 2006

Para quem gosta de história e biografias “Os 1000 maiores esportistas do século 20” é um prato cheio. Fruto de pesquisas realizadas pelo Jornal The Sunday Times e pela Revista Isto è, esta obra nos trás à memória grandes ícones do esporte mundial.  O basquetebol brasileiro é lembrado pelos nomes de Algodão, Wlamir Marques, Paula, Rosa Branca, Maria Helena, Hortência, Janeth, Norminha, Oscar, Edvar, Gerson, Amaury.

Como é uma obra antiga vocês poderão adquirí-la através de sites de vendas de livros como o http://www.livrariasaraiva.com.br. Ou então é só digitar o nome do livro em sites de buscas que vão aparacer as opções.

Artigos

Estratégia, tática e técnica

Amigos do Basquetebol

Este texto aborda três termos que são muito usados em qualquer esporte, especialmente os coletivos e muitas vezes são usados como sinônimos. Refiro-me a estratégia, tática e técnica.

Uma partida não é  uma simples disputa espontânea e imprevisível, esperando-se pelo seu resultado. Pelo contrário, é algo pensado, programado e racionalizado, para poder responder a qualquer iniciativa contrária. Chega-se à conclusão de que quem melhor utilizar os fatores e componentes do jogo chegará à vitória. Dentre os fatores que influenciam na atuação de uma equipe, destacam-se a estratégia, a tática e a técnica.

A estratégia constitui todo o plano teórico de organização da equipe a curto, médio e longo prazo visando a conquista de um objetivo. Ela é definida por fatores como a duração da temporada, o material humano disponível,   adversários, tipo e duração de uma competição, situações momentâneas desta competição (ou de um jogo em particular), classificação da equipe. A estratégia é responsável pelas adequações necessárias para alterar o planejamento da equipe.

Três aspectos são fundamentais:

(1) A estratégia de ser formulada a partir de um objetivo principal (objetivos secundários também podem ser definidos ao longo do percurso);

(2) Deve se constituir no planejamento prévio da atuação a curto, médio e longo prazo;

(3) Em sua formulação todos os aspectos intervenientes na atuação da equipe são contemplados.

A estratégia consiste no “saber o que fazer”.

A tática é a utilização de recursos para definir situações durante um  jogo. Engloba os sistemas de jogo (defensivos e ofensivos), situações grupais (2×2 e 3×3) e individuais. Pode ser resumida como “o que fazer” para resolver uma determinada situação.

A tática pode ser dividida em individual, grupalcoletiva (esses conceitos são aplicados tanto no ataque quanto na defesa).

A tática individual é a capacidade que um atleta tem para executar os fundamentos do jogo, de acordo com situações momentâneas como: sua posição na quadra, a atitude de seu adversário, contexto do jogo.

A tática grupal reúne pequenos grupos de jogadores. Por exemplo situações de 2×2 ou 3×3 envolvendo situações mais complexas e que dependem de uma maior sincronização de movimentos.

O que caracteriza a tática coletiva é o aumento de elementos alternativos e execuções possíveis e  também a globalidade da cooperação e oposição. Não basta que cada membro da equipe atue sozinho. Os  companheiros de equipe devem perceber coletivamente a situação e julgar com a maior sintonia possível quanto à ação mais conveniente a ser executada. A solução para a situação deve ser encontrada entre os membros da equipe para superar a equipe adversária e evitar ser superada por ela. Portanto, a tática coletiva se apóia na tática individual, porém deve ser abordada pela perspectiva da equipe. 

Assim, a tática constitui a maneira pela qual no jogo, de forma eminentemente prática a equipe ou um jogador isolado reage às situações criadas pela oposição. O processo tático engloba três momentos distintos, porém diretamente relacionados.

  • No primeiro momento o jogador observa o que ocorre na quadra, levando em conta posicionamento e características de jogo de seus companheiros de equipe assim como de seus adversários;
  • No momento seguinte é feita a escolha da resposta a ser dada em função do que foi identificado no meio;
  • Por fim, o gesto técnico é executado, o processo motor da tomada de decisão. Esse processo de reconhecimento do meio, processamento interno da informação e resposta motora é conceitualmente denominado “tomada de decisão” e constitui o elemento central da tática.

As decisões tomadas são expressas pelas ações dos jogadores, o que constitui a técnica, linguagem motora pela qual se faz a comunicação no jogo. A tomada de decisão surge sempre pela necessidade do jogador, individualmente, ou da equipe resolver os problemas de jogo criados pelo adversário. Esse processo ocorre num contexto de grande variabilidade de situações, em que tanto a tomada de decisão quanto a execução motora devem ocorrer muito rapidamente.

A técnica, por sua vez, é o elemento que viabiliza toda essa concepção do jogo. Ela apoia a tática. É a execução dos movimentos (fundamentos do jogo). Pode ser resumida no “como fazer” e depende de uma série de atributos pessoais como as capacidades físicas e as habilidades motoras gerais e específicas que o atleta tem desenvolvidas, além de aspectos cognitivos fundamentais para o entendimento do jogo.

Para aprofundar os conhecimento sobre o tema recomendo as seguintes leituras:

Bayer, C. La enseñanza de los juegos deportivos colectivos. Barcelona: Hispano Europea, 1986.

De Rose Jr., D. Modalidades esportivas coletivas: o basquetebol. In De Rose Jr.,D., Modalidades Esportivas Coletivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, cap. 9, 2006.

De Rose Jr., D. & Silva, T.A.F. As modalidades esportivas coletivas: história e caracterização. In De Rose Jr.,D., Modalidades Esportivas Coletivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, cap. 1, 2006.

Ferreira, A.E.X. & De Rose Jr., D. Basquetebol, técnicas e táticas: uma abordagem didático-pedagógica. São Paulo: EPU, 2010.

Lamas, L.; Negreti, L. & De Rose Jr., D. A análise tática ofensiva no basquetebol. In De Rose Jr., D. & Tricoli, V., Basquetebol: uma visão integrada entre ciência e prática. Barueri: Manole, cap. 8, 2005.


Estatísticas · Todos os posts

A estatística no baquetebol

Uma partida de basquetebol pode ser analisada a partir de diferentes pontos de vista e através das mais variadas metodologias, visando aumentar o número de informações sobre um determinado atleta ou equipe.

Em relação ao desempenho técnico de um atleta ou de uma equipe o objetivo é determinar o nível de suas ações, a execução dos fundamentos e a eficiência dessa execução, quantificando a ação através de uma determinada mensuração. Já do ponto de vista tático, analisam-se as situações desenvolvidas por pequenos grupos ou por toda a equipe, a partir de padrões pré-definidos (plano tático de jogo) tanto na defesa, quanto no ataque.

Essas análises podem ser feitas objetivamente (quando se procura quantificar ou nomear uma determinada ação), ou através de observações subjetivas (quando se tenta fazer uma observação qualitativa da execução técnica, ou da ação conjunta de pequenos grupos ou de toda a equipe).

O conjunto dessas observações (objetiva/subjetiva; qualitativa/quantitativa) é chamado de “scouting”, termo aceito universalmente na linguagem corrente do basquetebol. O “scouting” é a detecção das características e do estilo de jogo da equipe adversária, no sentido de explorar os seus pontos fracos e contrariar as suas dimensões fortes. O “scouting” é responsável por detectar características específicas como, por exemplo, qual lado da quadra o bom arremessador prefere usar, se o armador é destro ou canhoto, se o pivô executa um bom bloqueio de rebote e as principais movimentações táticas ofensivas e defensivas. O “scouting” se preocupa com o local e distância desses arremessos, o tipo de movimentação ofensivo que os geraram, o posicionamento defensivo, entre tantos aspectos do jogo.

Já a estatística é, basicamente, o retrato numérico de um atleta ou de uma equipe, não se enfocando a “qualidade” da ocorrência, mas sim sua quantidade. Por exemplo: a estatística de jogo aponta quantos arremessos de 3 pontos uma equipe executou durante uma partida e quantos acertou. Ela será sempre expressa através de números, tabelas e gráficos.

Portanto, pode-se deduzir que a estatística é parte do um todo denominado “scouting”, mas que pode ser analisada e interpretada isoladamente. No entanto, a estatística não pode e não deve ser analisada isoladamente, pois o jogo acontece em um contexto no qual o desempenho técnico está intimamente relacionado a outros indicadores que são fundamentais para o sucesso do atleta e da equipe, ou seja: físicos, táticos e estratégicos. Os fatores situacionais como o contexto no qual o jogo acontece (local, classificação, momento do campeonato, momento da equipe, entre outros) também não devem ser ignorados.

A partir dessa análise integrada, tanto atletas, quanto a equipe, poderão obter seu rendimento máximo, orientados por técnicos que tenham o domínio desse conhecimento e o utilizem de forma adequada através de metodologias e estratégias bem definidas.

Atualmente, não há como imaginar um jogo de basquetebol sem o suporte desses meios auxiliares valiosíssimos que servirão aos treinadores e comissões técnicas para definir estratégias para a organização técnico-tática de uma equipe nos treinamentos nas futuras atuações em jogos.

Este texto foi adaptado do texto original:

Análise estatística de jogo. (Dante De Rose Junior, Alexandre Barros Gaspar e Rafael Marcos Assumpção).

Do livro

Basquetebol: uma visão integrada entre ciência e prática (Dante De Rose Junior e Valmor Trícoli)

Editora Manole, 2005, cap.7.


Opinião do autor · Todos os posts

Um passeio pela NBA

Amigos do basquetebol

Neste final de semana começam os playoffs da NBA. Sinceramente não é o meu campeonato preferido. Alguns podem estranhar e me chamar de louco. Mas prefiro mil vezes o Europeu e o Espanhol, campeonato onde podemos observar questões táticas, defesas interessantes e não somente o espetáculo que a NBA nos proporciona. Mas, enfim é basquetebol de alto nível e merece ser acompanhado.

Os classificados:

Pela conferência Leste temos: Chicago, Miami, Boston, Orlando, Atlanta, New York, Philadelphia e Indiana. Vale ressaltar que nesta conferência estão o melhor time do campeonato (Chicago – 62/20) e também os três piores entre os 16 classificados no geral (N.York – 42/40; Philadelphia 41/41 e Indiana – 37/45).

Os confrontos entre essas equipes serão: Chicago-Indiana; Miami-Philadelphia; Boston-N.York e Orlando-Atlanta. Não acredito em surpresas e devem passar Chicago, Miami, Boston e Orlando.

Pelo lado Oeste temos: San Antonio ( segundo melhor time no geral 61-21), Lakers (meu time), Dallas, Oklahoma (grande surpresa), Memphis, Portland, New Orleans e Denver. Aqui acho que S.Antonio e Lakers devem passar tranquilamente e deve haver mais equilíbrio nos outros dois jogos, mas eu apostaria no Dallas e no Denver.

Alguns dados estatísticos (média por jogo) dos 16 classificados: Na ordem mostro os melhores e os piores

Ataque: Denver (107,5 pts); New Orleans (94,9 pts)

Defesa: Boston (91,1 pts); N.York (105,7 pts)

Relação ataque/defesa: Chicago (98,6/91,3 – 1,080); Atlanta (95,0/95,8 – 0,86)

Assistências: Dallas e Boston (23,0); Miami (19,9)

Rebotes: Chicago (44,0); Boston (38,8)

Bolas Recuperadas: Memphis (9,4); Atlanta (6,0)

Bolas Perdidas: Philadelphia (12,9); Indiana (15,4)

Faltas: Atlanta e San Antonio (18,9); Denver (22,7)

Os brasileiros nos playoffs:

Nenê (Denver) e Splitter (San Antonio) serão nossos representantes nesses jogos finais:

Estatísticas

Jogos: Nenê (75); Splitter (60)

Minutos: Nenê (30,5); Splitter (12,3)

Pontos: Nenê (14,5); Splitter (4,6)

% de 2: Nenê (61,5); Splitter (53,0)

% de 3: Nenê (20,0)

% de L.Livre: Nenê (71,1); Splitter (54,0)

Rebotes: Nenê (7,6); Splitter (3,4)

Assists: Nenê (2,0); Splitter (0,4)

Bolas Recuperadas: Nenê (1,1); Splitter (0,5)

Tocos: Nenê (1,0); Splitter (0,3)

Bolas Perdidas: Nenê (1,8); Splitter (0,5)

Faltas: Nenê (3,2); Splitter (1,5)

Nenê e Spliter: será que os veremos juntos no Pré Olímpico?

Artigos

O esporte como objeto de estudo: área a ser explorada

Amigos do Basquetebol

Segue parte do texto de minha autoria publicado na Revista Corpoconsicência, v.2, p.15-17, 2007.

Os conteúdos do esporte sempre foram inseridos nos currículos dos cursos de Educação Física, através de disciplinas que focavam as modalidades esportivas para fornecer ao professor de Educação Física material para ministrar suas aulas, servindo como meio para a aprendizagem de habilidades específicas. Outro objetivo era a formação dos técnicos para atuar em modalidades esportivas, quase sempre de caráter exclusivo para a preparação de equipes voltadas à competição.

O enfoque dessas disciplinas era (e talvez ainda seja) voltado à prática ou à execução dos movimentos característicos de qualquer modalidade esportiva, dando-se pouca importância à análise mais aprofundada do seu significado, aplicabilidade e inserção no contexto da atividade. Prova disto era a exigência de exames específicos nos vestibulares de muitos desses cursos e as provas das disciplinas que sempre privilegiavam a execução prática.

Em determinado momento, o esporte passou a ser entendido como um fenômeno em ascensão na cultura e sociedade contemporânea, com um apelo midiático muito grande. Esse fato gerou um maior interesse pelas atividades esportivas e suas relações com disciplinas que, até então, serviam como base dos estudos da tradicional Educação Física, como por exemplo, a fisiologia, psicologia, sociologia e biomecânica entre outras. Com esse enfoque, o esporte passou a se constituir numa sólida possibilidade de desenvolvimento de estudos que trariam benefícios aos usuários e interessados nessa atividade, ou seja, atletas, técnicos, preparadores físicos, médicos esportivos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, entre outros.

De conteúdos complementares dos currículos dos cursos de Educação Física, o esporte passou a ser tema de curso superior (com destaque para o curso de Bacharelado em Esporte da Escola de Educação Física e Esporte da USP, criado em 1992) e programas de pós-graduação contendo áreas de estudos específicos, como no curso de Pós Graduação da EEFEUSP, que, em 2005 criou a área de concentração “Estudos do Esporte”, necessidade mais do que justificada, pela quantidade de trabalhos de mestrado e doutorado desenvolvidos tendo o esporte como seu objeto de estudo.

No entanto, ainda perduram dúvidas quanto aos conteúdos dos cursos que têm o esporte como sua principal meta de conhecimento e a forma como são ministrados. O que se deve privilegiar: os conteúdos que contemplem a prática e a execução dos movimentos específicos e suas aplicações nas diferentes atividades para as quais eles se prestam? Ou conteúdos que levem os alunos e profissionais a reflexão do que seja verdadeiramente o esporte entendido como um fenômeno abrangente e que pode ser analisado sob a ótica do indivíduo “total”, que se movimenta, pensa e interage com grupos sociais cooperativos e opostos?

No primeiro caso, corre-se o risco de voltarmos aos antigos cursos de Educação Física onde se buscava, fundamentalmente, a prática pela prática (ex: a “bandeja” no basquetebol era vista como um simples fundamento de jogo, com uma seqüência de execução e na qual o aluno era treinado a realizá-la, sem se preocupar com todas as possíveis implicações desse movimento e todo o conhecimento nele contido).

No segundo caso, a mesma “bandeja” é analisada como um movimento complexo em um contexto de imprevisibilidade ambiental no jogo e que exige uma série de requisitos físicos, técnicos e cognitivos para ser executada da forma mais eficiente possível. No entanto há também o risco de “teorizarmos” demasiadamente o assunto e esquecermos que ele é um instrumento para ser aplicado em determinadas situações.

Considerando os riscos e eliminando qualquer radicalismo, com a experiência de ter passado pelas diferentes fases de evolução dos cursos de Educação Física e, posteriormente, ter atuado especificamente no curso de Bacharelado em Esporte da Escola de Educação Física e Esporte da USP, além de uma razoável experiência prática como técnico esportivo, não teria dúvida em optar pela segunda forma de abordagem. Abordagem esta que nos leva a pensar o movimento e, fundamentalmente, pensar no indivíduo que realiza este movimento e todas as relações que ele possa estabelecer com seu próprio corpo e com os elementos que fazem parte do contexto no qual ele está participando.

Desta forma, o esporte apresenta uma grande possibilidade de se tornar um rico objeto de estudos não se limitando a ser encarado como uma atividade competitiva e “prejudicial” (segundo os radicais que abominam a prática esportiva, não entendendo o seu valor educativo em qualquer faixa etária ou nível de desenvolvimento do praticante) ou um conjunto de movimentos desconectados do rico contexto ao qual está submetido. Este fato lhe dá a possibilidade de ser encarado como uma atividade com base científica suficientemente desenvolvida para promover estudos metodologicamente bem delineados e com aplicações muito bem definidas.

O Esporte deve ser entendido como uma “área de estudo” em desenvolvimento e que pode atender às expectativas de diferentes públicos, respeitadas as características, necessidades e objetivos desses públicos. A riqueza desta “área de estudos” no que concerne à investigação científica é ilimitada pelas possibilidades de relacionamento do esporte com outras áreas e disciplinas, como já citado anteriormente.

História do Basquetebol · Todos os posts

Homenagem para a Nilza

Amigos do basquetebol

Eu cresci em São Caetano acompanhando um dos maiores duelos do basquetebol feminino: Fundação vs. Pirelli.

No Fundação jogavam, entre outras: Norminha, Delci, Marlene, Elzinha e no Pirelli a dupla terrível era Laís e a pivô Nilza. Jogos espetaculares que incluiam também o XV de Piracicaba de Maria Helena e Heleninha.

Esse grupo de jogadoras maravilhosas formava a seleção brasileira da década de 60 e parte de 70 que deixou para todos nós uma grande lembrança no Mundial de 1971, disputado no Brasil, quando chegamos ao terceiro lugar.

Neste campeonato um jogo em especial e uma bola em especial ficou para a história. Foi a cesta que deu a vitória ao Brasil contra o Japão com o cronomêtro zerado. O Ibirapuera veio abaixo. Foi uma conquista sensacional. E a Nilza foi a autora da famosa cesta, arremessando do cantinho da quadra.

Mas a Nilza não pode e não deve ser lembrada somente por esta bola e sim pelo que fez ao nosso basquetebol numa época em que não havia tanta mídia e tanta badalação e numa época em que vestir a camisa da seleção ou de um clube era um honra e não um negócio.

Tenho a certeza que o basquetebol ganhou muito com a Nilza e com aquela geração e hoje, ficamos com uma lacuna importante com a partida dessa excelente jogadora.

Não a conheci pessoalmente, mas fica aqui minha homenagem a esta mulher guerreira que lutou muito para que o nosso basquetebol pudesse ser melhor.

Leituras · Todos os posts

Boas leituras: estratégias de gestão e o sucesso dos “fora-de-série”

Amigos

Na minha longa carreira universitária (34 anos) aprendi a não desprezar boas leituras. No início meu foco, é claro, era o basquetebol. Depois descobri como é importante nos apoiarmos em outros temas para melhorarmos e assim, tentar contribuir para  a melhora daqueles que estão ao nosso lado.

Desta forma, nesse novo post do Boas leituras, indico duas obras que a princípio podem não ter relação com o basquetebol, mas tem a ver com assuntos que podem nos ajudar a crescer intelectual e profissionalmente.

A primeira é o livro Fora de Série: outliers, de Malcom Gladwell, da editora sextante. O autor realiza uma investigação sobre as possíveis causas do sucesso de gente importante como Mozart, os Beatles ou Bill Gates e de comunidades. E também mostra porque algumas pessoas dotadas de grande inteligência não atingem o tão esperado sucesso.

O segundo livro é de autoria de Ferran Soriano – A bola não entra por acaso: estratégias inovadoras inspiradas no mundo do futebol. (Editora Larousse – 2010) O autor foi Vice-Presidente do Barcelona de 2003 a 2008 e mostra o modelo de gestão que levou o Barcelona a se tornar um dos clubes mais bem-sucedidos da década.

Vale a pena conferir.

Mestres do Basquetebol · Todos os posts

Sábias palavras de um mestre

Faça o melhor que puder

Um técnico deve sempre fazer o seu melhor, nada mais do que isto, mas ele deve fazer isto não somente para si próprio, mas para aqueles que o empregam e para os jovens que estão sob sua responsabilidade. Se você, verdadeiramente fizer o seu melhor, e só você realmente saberá disto, então você terá alcançado o sucesso e o real resultado independerá se o escore for favorável ou não. Contudo, se você não deu o seu melhor, você fracassou independentemente do resultado final.

Isto não significa que você não deva trabalhar para ganhar. Você deve ensinar seus jogadores a jogar para vencer e fazer tudo que for possível dentro da ética e da honestidade para vencer. Eu realmente não quero atletas que não tenham o desejo de vencer e não joguem duro e agressivamente para alcançar seus objetivos. Contudo, eu quero ser capaz de sentir e quero que meus jogadores sintam que fazendo o melhor que for possível isto por si só significa uma vitória. Menos do que isto é uma derrota.

Portanto, tudo que exijo de meus jogadores nos treinamentos e jogos é que eles dêem o máximo e façam o melhor que puderem. Eles devem estar prontos a se tornarem o melhor que sua capacidade permitir. Eu lhes digo que, apesar de querer que eles apreciem a vitória e seu próprio desempenho, eu quero que eles tenham a satisfação de saber que tanto eles quanto a equipe fizeram o melhor que puderam. Eu espero que suas ações ou condutas após um jogo não dependam da vitória ou da derrota. As cabeças deverão estar sempre erguidas quando você fizer o seu máximo independentemente do resultado e não deve haver razão para júbilo exagerado na vitória ou tristeza excessiva na derrota.

Estou plenamente convencido que aquele que tem a auto-satisfação de saber que fez o seu melhor também estará muito além do que sua habilidade natural possa indicar.

O técnico como Professor

Na medida em que a mais importante responsabilidade de um técnico seja ensinar seus jogadores a executar de forma mais efetiva os fundamentos do jogo, ele é antes de tudo um professor.

De fato, como professor de qualquer matéria, ele deve seguir as leis do ensino para ensinar os fundamentos do basquetebol. Um fundamento deve ser explicado e demonstrado, a correta demonstração deve ser executada pelos atletas, sua execução deve ser criticada de forma construtiva e corrigida e os jogadores deverão repetir essa execução dentro do modelo proposto para que os hábitos sejam corretamente adquiridos até o ponto dos atletas agirem instintivamente da maneira certa.

Se o técnico for, antes de tudo, um professor, as idéias a seguir devem ser aplicadas: o técnico deve estar sempre presente, observar (diagnosticar) e corrigir. Ele deve estar procurando constantemente uma maneira de melhorar a si próprio para poder melhorar os outros e ajudar as pessoas que o procuram.

Dez critérios que podem ser aplicados a um professor/técnico de basquetebol:

1 – Conhecer sua matéria (basquetebol)

2 – Ter conhecimento geral sobre outros assuntos

3 – Saber ensinar as habilidades do jogo

4 – Ter atitude profissional

5 – Ter disciplina

6 – Saber organizar as aulas (treinos)

7 – Ter boas relações com seus alunos (atletas)

8 – Ter boas relações com a instituição e com a comunidade

9 – Ser gentil e ter consideração pelos outros

10 – Ter o desejo de melhorar

O técnico como Líder

O técnico deve se lembrar que ele é um líder e não meramente uma pessoa com autoridade. Os jovens sob sua supervisão devem receber desse líder uma orientação apropriada em todos os aspectos e não só no que diz respeito ao basquetebol.

Além de seus pais, os jovens passam mais tempo e são mais influenciados pelos professores do que quaisquer outras pessoas. E o técnico é o professor que terá maior influência na vida desses jovens. Portanto, não se trata somente de trabalho, mas é obrigação que o técnico tome essa responsabilidade com muita seriedade.

Um técnico que faz um esforço determinado  e sincero para seguir os princípios de liderança pode estar certo de que estará melhorando suas qualidades de líder e aumentando as possibilidades de sucesso da equipe.

Uma equipe sem líder é o mesmo que um navio sem leme. Certamente ele navegará em círculos e não chegará a lugar nenhum.

Este texto foi traduzido e adaptado do texto original de autoria de John Wooden em seu livro Practical Modern Basketball (Ronad Press, 1966, p. 4-6)