Estatísticas · Mundial Masculino

Copa do Mundo de Basquetebol masculino: estatísticas finais

Amigos do Basquetebol

Para finalizar os posts abordando a Copa do Mundo de Basquetebol Masculino apresento as estatísticas finais.

Serão apresentados os dados acumulados (em porcentagens e médias) das 24 equipes, das quatro primeiras e das oito melhores classificadas, além dos números do Brasil para que possamos estabelecer um padrão de comparação.

São dados compilados do site oficial da FIBA. Pela ordem serão apresentados os dados do ca peonato todo, 4 primeiros colocados, 8 primeiros colocados e Brasil para cada item. Também será apresentado o resultado da melhor equipe em cada item.

2 pontos: 51,0%; 56,4%; 55,9%,  55,5% ; França e Espanha – 58,8%

3 pontos: 34,6%; 37,0%; 35,4%; 37,3%;  Austrália – 47,9%

L.livres: 71,5%; 72,2%; 71,1%; 61,8%; Filipinas – 79,6%

Rebotes: 35,2; 36,8 36,6; 38,7; EUA – 44,8

Assists: 14,4; 16,4; 16,0; 10,3; EUA – 20,4

B.Perdidas: 14,5; 13,5; 13,2; 15,7; Argentina – 9,2

B.Recuperadas: 6,7; 6,9; 7,2; 7,9; EUA – 12,1

Eficiência: 77,3; 93,8; 90,2; 92,6; EUA – 127,3

Pontos: 75,5; 85,2; 81,9; 79,6; EUA – 104,6

Pontos contra: 76,1; 72,5; 71,6; 68,9; Espanha – 62,1

 

História do Basquetebol · Personagens

A melhor dupla do basquetebol brasileiro

Amigos do Basquetebol

No ano em que comemoramos os 50 anos da conquista da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio escrevo este post para homenagear aquela que eu considero a mais importante dupla de jogadores do basquetebol brasileiro de todos os tempos e que representa o que houve de melhor em nosso basquetebol: Amaury Pasos e Wlamir Marques.

É claro que é uma preferência pessoal e está no contexto de atletas que vi jogar a partir da década de 1960. Portanto, esta visão exclui, sem nenhum demérito, os grandes atletas que tivemos antes da década de 1960.

Ele também não pretende tirar o mérito de outras grandes atletas que muito contribuiram para colocar nosso basquetebol no mais alto nível.

É apenas uma justa homenagem aos dois atletas que, juntos, conquistaram os principais títulos do basquetebol nacional e internacional.

Amaury Pasos teve uma passagem pelo basquetebol argentino em sua juventude mas, no Brasil, iniciou sua carreira no Clube de Regatas Tietê (que hoje, infelizmente não existe mais) e jogou pelo Sírio e Corinthians.

Wlamir Marques é natural de São Vicente (SP) e atuou pelo Clube Tumiarú, XV de Piracicaba, Corinthians e Tênis Clube de Campinas.

Rivais quando atuavam pelo Sírio (Amaury) e  XV e Corinthians (Wlamir) esses dois grandes atletas sempre proporcionaram grandes batalhas nas quadras até que, em 1966, tiveram a oportunidade de atuar juntos pela grande equipe do Corinthians daquela década. E pelo Corinthians obtiveram muitos títulos paulistas, brasileiros e sulamericanos.

Também atuaram juntos em muitas seleções paulistas, conquistando diversos títulos brasileiros que, infelizmente, os registros (ou a falta deles) não me permite detalhar.

Já na Seleção esses dois “monstros sagrados” de nosso basquetebol tiveram uma trajetória muito parecida, culminando com dois títulos mundiais (59 e 63) e duas medalhas olímpicas (60 e 64).

Além desses feitos fantásticos, Amaury e Wlamir disputaram muitos Campeonatos Sul-Americanos e Pan-Americanos sagrando-se campeões em diversas oportunidades.

As conquistas

Atuando juntos, Amaury e Wlamir obtiveram as seguintes conquistas:

Corinthians: 5 títulos do Campeonato Paulista Metropolitano (66, 67, 68, 69 e 70); 3 Estaduais Paulistas (66, 68 e 69) e 2 Sul-Americanos inter clubes (66 e 69)

Seleção Brasileira:

Jogos Olímpicos: 56 (6o.), 60 (bronze) e 64 (bronze)

Campeonatos Mundiais: 54 (vice), 59 (campeão) e 63 (campeão)

Pan-Americanos: 55 (bronze), 63 (prata) e 67 (7o.)

Sul-Americanos: 58, 60, 61 e 63 – em todos o Brasil sagrou-se campeão

Nessas quatro competições, os dois atuaram juntos em 94 partidas e anotaram 2719 pontos (média de 28,9 pts por partida) , segundo fonte da CBB (www.cbb.com.br)

Opinião

Menon, um dos principais atletas brasileiros de todos os tempo e que jogou com Amaury no Sírio e com Wlamir e Amaury na Seleção Brasileira emitiu sua opinião sobre a dupla.

“Trata-se da maior dupla que o basquete brasileiro já colocou em quadra. Amaury, meu ídolo, foi, em minha opinião, o melhor e mais completo jogador brasileiro até os nossos dias. Wlamir apresentava uma versatilidade de recursos técnicos impressionante. Quando eu integrava a equipe juvenil da Sociedade Esportiva Palmeiras, fazia questão de assistir aos jogos do E. C. Sírio para observar a inteligência das jogadas e tudo mais que o Amaury produzia em quadra. O mesmo interesse era assistir aos jogos do XV de Piracicaba para me deleitar com as infiltrações e arremessos do Wlamir. Tentei copiá-los insistentemente. NÃO CONSEGUI.  Tive a satisfação e honra de jogar ao lado dessa dupla, em várias competições pela seleção brasileira”.

 

Amaury exibindo sua incomparável técnica contra os norte-americanos
Amaury exibindo sua incomparável técnica contra os norte-americanos
Wlamir "voando" em sua jogada característica
Wlamir “voando” em sua jogada característica

 

Estatísticas · Mundial Masculino

Copa do Mundo de Basquetebol Masculino: os armadores

Amigos do Basquetebol

Como “grande” armador que fui, sempre tive uma atenção especial para os jogadores que atuam nesta posição.

Apesar de grandes ausências na posição (Tony Parker, Spanoullis e Diamantidis), na Copa do Mundo de Basquetebol Masculino, recentemente realizada na Espanha tivemos a oportunidade de ver um desfile de grandes armadores.

Para ilustrar esse desfile compilei as estatísticas dos armadores das 16 equipes melhores classificadas, tomando como base a relação oficial de atletas contida no site oficial do evento (http://www.fiba.com/spain2014) e aqueles que tiveram o maior tempo de jogo quando comparados a outros armadores da mesma equipe.

Os armadores selecionados para está análise foram:

Irving (EUA), Teodosic (Sérvia), Heurtel (França), Juskevivius (Lituânia), Rubio (Espanha), Huertas (Brasil), Dragic (Eslovênia), Arslan (Turquia), Zizis (Grécia), Bogdanovic (Croácia), Prigioni (Argentina), Delavedova (Austrália), Feldeine (Rep. Dominicana), Ayon (México), Penney (N.Zelândia) e Dalmeida (Senegal).

Os dados médios gerais desses 16 armadores mostram que o tempo médio de jogo foi de 25,1 minutos com 52,0% de aproveitamento de 2 pts, 39,3% de 3, 76,4% nos lances livres. Nos rebotes a média foi de 3,0 por jogo, 3,4 assists, 2,0 nas bolas perdidas e 1,1 nas recuperadas. A eficiência média foi de 11,4 e a média de pontos foi de 10,8.

A seguir mostro os 3 melhores armadores por quesito e a posição do nosso Marcelinho Huertas em relação aos demais:

Minutos: Bogdanovic (CRO) – 33,0; Penney (NZL) e Feldeine (RDM) – 28,3; Huetas – 20,4 (5o.)

% 2: Teodosic (SRV) – 18/26 69,2%; Dragic (ESL) – 35/52 67,3%; Ayon (MEX) – 36/59 61,0%. Huertas – 15/28 53,6% (7o.)

% 3: Irving (EUA) – 14/23 60,9%; Zizis (GRE) – 9/17 52,9%; Prigioni (ARG) – 10/20 50,0%; ; Huertas – 3/9 33,3% (12o.)

% l.livres: Prigioni (ARG) – 15/16 93,8%; Teodosic (SRV) e Juskevivius (LIT) – 17/19 89,5%; Heurtel (FRA) – 20/24 83,3%;  Huertas – 9/11 81,8%

Rebotes: Ayon (MEX) – 6,3; Penney (NZL) – 4,5; Rubio (ESP) – 4,4. Huertas – 2,3 (11o.)

Assists: Dalmeida (SEN) – 5,3; Rubio (ESP) – 5,1; Teodosic (SRV) – 4,4. Huertas – 3,9 (8.o.)

B.Perdidas: Zizis (GRE) – 0,8; Huertas – 1,0; Arslan (TUR) – 1,1

B.Recuperadas: Rubio (ESP) – 3,6; Prigioni (ARG) – 1,8; Irving (1,9); Huertas – 0,4 (14o.)

Eficiência: Bogdanovic (CRO) – 16,7; Ayon (MEX) 16,0; Irving (EUA) – 14,7. Huertas – 9,4 (12o.)

Pontos: Bogdanovic (CRO) – 21,2; Dragic (ESL) – 16,0; Ayon (MEX) – 14,7. Huertas – 6,9 (14o.)

 

Kyrie Irving (EUA) MVP da Copa do Mundo de Basquetebol
Kyrie Irving (EUA) MVP da Copa do Mundo de Basquetebol

 

Opinião do autor

Lições direto da Argentina

Amigos do Basquetebol

Eu sei que há muita rivalidade entre Basil e Argentina, muito por conta do futebol e da velha comparação Pelé x Maradona.

No entanto, afirmo que esta rivalidae não se confirma quando estamos participando de eventos esportivos, principalmente no basquetebol, pois os Argentinos nos respeitam e têm grande admiração por nosso país e, especialmente, pelo nosso esporte.

Recentemente estive em Córdoba para o Congresso Internacional de Minibasquetebol e tive uma prova desse respeito e dessa admiração pela forma como fui tratado por todos, sem exceção. Eles sabem reconhecer o valor das pessoas que trabalham em prol do basquetebol, independentemente da nacionalidade.

E por lá tive a oportunidade de constatar algumas situações muito peculiares e que trago como lições a serem consideradas.

Uma delas é a idolatria a seus grandes atletas e como esses atletas respondem à esse carinho.

No congresso tive a honra e a satisfação de conhecer pessoalmente dois dos “monstros sagrados” do basquetebol argentino: Fabrício Oberto e Hector Campana. E foi impressionante a recepção dada a esses dois ídolos por todos os participantes do evento.

Em contra-partida os dois estiveram presentes quase todo o tempo, acompanhando as aulas e palestras, conversando informalmente com todos, tirando fotos e dando autógrafos. Fui apresentado a eles e parecia que eles me conheciam há muito tempo. Simplicidade, humildade e respeito aos presentes essas foram as principais características que pude observar no comportamento dos dois astros.

Ao visitar um evento de minibasquetebol, denominado Mega Mini, realizado em um povoado a 25o km de Córdoba também tive outro exemplo de idolatria dado a outro grande atleta argentino: Leo Paladino.

Paladino participou do evento onde 700 crianças de 7 a 12 anos tiveram a oportunidade de interagir com o astro que contou sua história esportiva e depois passou algumas horas passeando pelas quadras e locais onde as crianças estavam acampadas, conversando, tirando infinitas fotos e dando autógrafos.

Também fui apresentado a ele e, novamente, parecia que nos conhecíamos há muitos anos.

Essas simples situações me chamaram a atenção, pois pude notar como os argentinos cuidam de seus ídolos e preservam a memória esportiva do país, fazendo questão de destacar seus feitos e sua importância para o esporte, mesmo que às vezes exagerem um pouquinho na dose.

E quando falo do respeito que eles têm pelo nosso basquetebol, em conversas informais com esses três personagens perguntei sobre jogadores de basquetebol do Brasil e eles citaram com grande ênfase as qualidades de atletas como Hélio Rubens, Adilson, Helinho, Rogério,  Marquinhos, Oscar, Marcel e Paulinho Villas Boas.

E isto é muito bonito de se ver e ouvir. Saber que nossos ídolos são respeitados mundo afora, às vezes muito mais do que por aqui.

Enfim, isto faz parte de uma cultura que temos que resgatar, informar e mostrar aos nossos jovens a riqueza de nosso esporte que, apesar de tão maltratado pelas instituições, produzem uma grande quantidade de excelentes atletas que são exemplos dentro e fora das quadras.

Campana e Oberto na palestra inaugural do Congresso Internacional de Mini-Basquetebol
Campana e Oberto na palestra inaugural do Congresso Internacional de Mini-Basquetebol
Paladino falando para 700 crianças no Mega-Mini
Paladino falando para 700 crianças no Mega-Mini
Entrevistas · Mundial Masculino

Copa do Mundo de Basquetebol: novidades 2

Amigos do Basquetebol

Neste segundo post sobre as novidades da Copa do Mundo de Basquetebol Masculino, o presidente da FIBA, Horácio Muratoria, em entrevista a mim concedida durante o Congresso Internacional de Mini-basquetebol realizado em Córdoba, fala das mudanças no sistema de classificação para a Copa do Mundo de Basquetebol que será realizada em 2019.

Muratori explicou que o Pré Mundial realizado na Venezuela, em 2013, foi o último, naquele formato, para classificar os países para a Copa do Mundo.

Para 2019 o sistema mudará completamente, a partir do número de países participantes que aumentará de 24 para 36. Além disto Ásia e Oceania formarão uma única zona o que reduzirá para quatro as zonas classificatórias.

Muratori falou como será a classificação para a Zona Americana (que deverá ser igual para África e Ásia+Oceania). Para a Europa, devido ao grande número de países, o sistema ainda está sendo estudado.

As Américas terão sete vagas na Copa do Mundo (ao invés das 4 que tivemos em 2014).

As equipes serão divididas em 4 sub-grupos (A, B, C, D) de 4 equipes cada. Essas quatro equipes jogarão entre si em partidas de ida e volta, nas chamadas “janelas esportivas”. Essas Janelas ocorrerão em novembro de 2017, fevereiro e junho de 2018.

No final desta Janela serão formados dois grupos com os três primeiros de cada zona: GE (GA +GB) e GF (GC + GD). As equipes classificadas do GA jogarão contra as equipes classificadas do GB levando os resultados da fase anterior. Serão também jogos de ida e volta, que serão realizados em setembo e novembro de 2018 e fevereiro de 2019. O mesmo acontecerá entre os classificados do GC e GD.

As três melhores equipes de cada grupo (E e F) e o melhor quarto colocado estarão automaticamente classificadas para a Copa do Mundo de 2019.

Em relação aos Jogos Olímpicos, Muratori afirmou que para 2016 o sistema de classificação será o mesmo, através de pré-olímpicos continentais, mantendo-se o número de 12 equipes. A FIBA está tentando aumentar para 16 equipes em 2020.

Para os Jogos Olímpicos de 2020 também haverá uma mudança importante na classificação das equipes. Somente o país sede terá vaga garantida. Caso se mantenha o número de 12 equipes, 7 vagas serão distribuídas a partir da classificação na Copa do Mundo: 2 para os dois melhores classificados da América, 2 para os dois melhores classificados da Europa e 1 para o melhor classificado da África, Ásia e Oceania.

As 4 vagas restantes serão distribuídas a partir de um torneio que reunirá 24 equipes, divididas em quatro grupos que serão indicadas também a partir da classificação na Copa do Mundo.

Assim sendo, a Copa do Mundo terá um papel muito importante para determinar a classificação para os Jogos Olímpicos.

Agradeço ao Presidente da FIBA, Horácio Muratori pela gentileza e atenção ao conceder essa entrevista, esclarecendo pontos importantes para o futuro do basquetebol mundial.

Entrevistas · Mundial Masculino

Copa do Mundo de Basquetebol: novidades – 1

Amigos do Basquetebol

Aproveitendo a estada do Presidente da FIBA, Horácio Muratori, no Congresso Internacional de Mini-basquetebol tive a oportunidade de entrevistá-lo sobre as novidades da Copa do Mundo de Basquetebol que vigorarão a partir de de 2017 visando o campeonato que será realizado em 2019.

A principais mudanças para a Copa do Mundo de basquetebol são: a mudança do ano de realização, o aumento do número de países participantes (de 24 para 32) e o novo sistema de disputa que dá um número maior de vagas para os continentes, especialmente América e Europa, além da unificação do pré-mundial Asiático e Oceania.

E foi pela questão da mudança de ano de realização que começamos nossa agradável conversa.

VB – Quais os motivos para a mudança do ano de realização da Copa do Mundo de Basquetebol?

HM – O principal deles é que queremos que a Copa do Mundo de basquetebol seja o principal evento do basquetebol mundial. Sabemos que muitos países, por seu realacionamento com o Comitê Olímpico Internacional, dão maior importância à participação nos Jogos Olímpicos. Com esta mudança queremos que esses países possam dar mais importância à Copa do Mundo. Para isto também aumentamos o número de participantes de 24 para 32.

Outro motivo é tirar a Copa do Mundo de Basquetebol do mesmo ano da Copa de Futebol. Como o Futebol é o primeiro esporte no mundo, muitas federações de basquetebol eram prejudicadas após a realização do Mundial de Futebol pois não conseguiam patrocinadores, estatais e privados, devido aos investimentos feitos no futebol. A própria FIBa também tem dificuldades de obter patrocinadores e mesmo espaço na mídia pois os patrocinadores e meios jornalísticos preferem pagar “10 pesos” por 1 segundo no futebol do que pagar “1 peso” por todo o tempo de nós colocávamos à sua disposição para a divulgação do Basquetebol. Mas esta é a realidade pois o futebol é impressionante e é muito difícil mudar esta realidade.

VB – e esta mudança de data será somente para o torneio masculino ou também para o feminino?

HM – a princípio somente para o masculino. Os demais torneios, femininos e todos os campeonatos para jovens continuarão com o mesmo calendário. Isto não significa que não possa haver mudanças. Recentemente tivemos um reunião em Istambul, durante o Mundial feminino e nos preocupa a situação do basquetebol feminino no mundo. Há equipes e jogadoras espetaculares mas que não têm a mesma projeção do que no masculino. Temos que encontrar meio de elevar o nível de projeção do feminino, tentando colocá-lo o mais próximo possível do masculino.

No próximo posta abordaremos as mudanças no sistema de disputa para a Copa do Mundo de Basquetebol Masculino.

 

Entrevistas · Formação Esportiva

Hector Campana fala sobre o mini-basquete

Amigos do Basquetebol

Aproveitando minha estada em Córdoba (Argentina) para participar do Congresso Internacional de Mini-Basquete tive a oportunidade de conhecer dois dos maiores jogadores de Basquetebol da Argentina em todos os tempos.

Refiro-me a Hector Campana e ao Campeão Olímpico Fabrício Oberto. Os dois participaram da aula de abertura do referido congresso falando sobre sua trajetória no basquetebol, do mini à competição de alto nível.

Ambos estiveram o tempo todo com os participantes do congresso, conversando, trocando ideias e atendendo aos pedidos de fotos e autógrafos, sempre retribuindo o carinho de todos.

Eles abordaram diferentes aspectos deste tema e, após a palestra, obtive uma entrevista com Campana que foram de uma simpatia e humildade impressionantes, pouco comuns em atletas que obtiveram as glórias que eles alcançaram.

Nesta breve entrevista procurei sintetizar a opinião desses grande atleta sobre o mini-basquetebol com base em cinco questões.

Um breve relato sobre sua carreira:

Hector Campana jogou basquetebol na primeira divisão do basquetebol Argentino por 25 anos, jogando até os 40 anos. Defendeu a seleção Argentina de 1985 a 1997, conquistando vários títulos pelas equipes pelas quais passou e pela Seleção.

Entrevista:

VB – Qual a importância do mini-basquetebol?

Campana – O mini-basquetebol é o primeiro passo, é a pirâmide para o esporte de alto rendimento. É de onde poderemos tirar futuros atletas. Deve ser incrementado para aumentar a quantidade de praticantes. E é muito importante que os professores e técnicos busquem esses jovens e não esperem que eles venham procurar o basquetebol. Aqui na Argentina esse papel cabe aos clubes, já que nas escolas a educação física é muito básica, a estrutura é inadequada e não há desenvolvimentodo esporte.

VB – Quais os valores que devem ser desenvolvidos pelo mini-basquetebol?

Campana – a primeira coisa é o desenvolvimento da pessoa. Devem ser desenvolvidas a noção de comprometimento, esforço e responsabilidade que são valores que servirão para a vida toda e não só para o esporte.

VB – Qual deve ser o papel do professor/técnico que trabalha com mini-basquetebol?

Campana – A primeira coisa é a preocupação com a pessoa. Ele deve conhecer a criança. Depois vem a parte técnica e tática. Deve conhecer a dinâmica desse jovem, sua família, sua realidade. Portanto, um professor/técnico tem a dupla função de formar a pessoa e ensinar o basquetebol

VB – Você concorda com a especialização precoce?

Campana – Nas idades menores não concordo. Com o desenvolvimento essa especialização vem naturalmente

VB – O que você pode dizer sobre os pais?

Campana – Eu tive uma experiência muito negativa com meu pai que ficava na arquibancada pedindo para substitui o jogador que não me passava a bola. Isto me incomodava. Os pais sempre querem mais e às vezes querem coisas que a criança não pode oferecer. Eles têm que reconhecer que nem sempre a criança vai atingir um nível alto de competição. Pouquíssimos chegarão a ser um Messi ou um Ginóbili.

Quero aqui deixar registrado meu agradecimento a Hector que, com sua simpatia e humildade, é exemplo dentro e fora das quadras. E por isto é tão admirado e cultuado pelos argentinos.

Com Campana, Oberto e meu grande amigo Ricardo Bojanich na inauguração do hotel da Federação de Basquetebol de Córdoba
Com Campana, Oberto e meu grande amigo Ricardo Bojanich na inauguração do hotel da Federação de Basquetebol de Córdoba
Opinião do autor

Para não perder mais tempo (e nem gerações)

Amigos do Basquetebol

Tivemos recentemente a primeira fase da LDB (Liga de Desenvolvimento de Basquete). Vinte e quatro equipes disputando um excelente campeonato e procurando mostrar ao Brasil o que há de melhor no basquetebol com jovens até 22 anos.

Acompanhando esta competição desde seu início (esta é a terceira edição), posso observar uma melhora concreta de muitas equipes, tanto no aspecto técnico-tático, quando nas questões referentes ao extra-quadra.

O objetivo da LDB, como diz seu nome, é desenvolver. E desenvolver não diz respeito somente às melhoras nos fundamentos e sistemas. Diz respeito também ao comportamento desses meninos fora da quadra. Eles estão entendendo o que isto significa.

Postura de equipe. Postura adequada nos hoteis e locais onde a competição acontece. Respeito às suas instituições e à competição.

Quando vejo toda uma equipe fazendo as refeições uniformizada, fico feliz. Parece uma bobagem, mas isto expressa muito o espírito da LDB.

Tenho que ressaltar o trabalho incansável dos técnicos (dentro e fora da quadra) para incutir na cabeça desses jovens esse espirito. E parece que o resultado está claro.

E, a partir desta evolução, volto a defender uma ação pontual em relação ao futuro de muitos desses jovens que demonstram estarem rumando para um caminho positivo e que merece reconhecimento.

Muitos deles já atuam em suas equipes adultas no NBB, Liga Ouro e nos campeonatos regionais e estaduais. São jovens com muita qualidade e que podem, se devidamente conduzidos e motivados, se tornar o futuro do nosso basquetebol.

Também são jovens “desconhecidos” que possuem as mesmas qualidades e que merecem ser observados e ter uma oportunidade de brilhar.

Para isto tenho insistido em dar a jovens promissores uma oportunidade de participar de competições fortes e estabelecer contato com outra realidades.

Por que não elaborar programas de treinamentos especiais com os destaques da LDB? Por que não dar a esses jovens a oportunidade de, como grupo representativo da LDB, realizar jogos contra equipes estrangeiras (a Argentina é tão perto…) para adquirir experiência internacional?

Isto custa dinheiro? Sim. Mas acredito ser um investimento necessário para que possamos ter novas gerações de atletas que possam representar o Brasil em um futuro muito próximo.

Espero que isto possa acontecer, para que eu não tenha daqui a quatro ou cinco anos voltar a escrever sobre “Gerações Perdidas”. (https://vivaobasquetebol.wordpress.com/2014/10/22/geracoes-perdidas/

Em tempo: acabamos de vencer de forma invicta o Campeonato Sul-Americano sub-15. Que tal ficarmos de olho nessa turminha e não perdermos tempo em prepará-los para o futuro?