NCAA · Todos os posts

Um passeio pela NCAA

Ontem (4 de abril) tivemos a final do Campeonato Universitário de Basquetebol Norte-Americano. Foi um dos jogos mais fracos dos últimos anos e talvez um dos menores placares já registrados.

Butler, que vinha de uma final sensacional no ano passado, quando perdeu de Duke na última bola, tentou realizar um tipo de jogo arriscado, com predominância de bolas de três e pouco jogo interno em função da tática defensiva utilizada pela U.Connecticut (UCONN).

O que se viu foi uma partida com muitos erros, aproveitamento inferior a 30% e muita precipitação, principalmente por parte dos atletas de Butler. Ressalte-se que as equipes são praticamente juvenis, já que a idade varia entre 18 e 22 anos e o evento foi presenciado por cerca de 75.000 pessoas e mais os espectadores de todo o mundo, o que deve ter aumentado significativamente o nível de ansiedade dos atletas.

Neste ano, tivemos a eliminação precoce de grandes forças da NCAA: Georgetown e Michigan State cairam logo na primeira rodada. UCLA, Notre Dame, Syracuse, Michigan e Cincinatti, na segunda. Os quatro melhores rankeados não conseguiram chegar às semi finais: Kansas, Ohio State, San Diego State e Duke. Classificaram-se: Virginia Commonwelth (49), Butler (33), Kentucky (7) e UCONN (14).

Talvez tenha sido o final four com menor pontuação no ranking em todos os tempos. Mas o espetáculo valeu a pena. Ver 75.000 pessoas torcendo por suas equipes foi maravilhoso (somando o público da última rodada do Campeonato Paulista de Futebol, não chegamos a 40.000 em 10 jogos).

Alguns números desses play-offs:

Equipes: 64

Jogos: 63

Média de pontos dos vencedores: 72,7

Média de pontos dos perdedores: 62,0

Maior diferença: 42 pts (Duke 87 x 45 Hampton – 1a. rodada da chave Oeste)

Menor diferença: 1 pt (aconteceu em 7 jogos)

Média das diferenças: 10,8 pts

Maior placar: North Carolina 102 x 87 Long Island U. (primeira rodada da chave Leste)

Menor Placar: UCONN 53 x 41 Butler (final)

Em 2012 o final four será em New Orleans e o site da  NCAA (www.ncaa.com) já oferece a possibilidade das pessoas se inscreverem para comprar ingressos. Os interessados já podem começar a pensar no assunto.

Super Dome – Final Four 2012

Formação Esportiva · Todos os posts

O esporte infantil como forma de inclusão social

Amigos do Basquetebol.

O texto abaixo foi apresentado por mim no 10º Congresso Paulista de Educação Física, realizado em Jundiaí (2006).

Ele aborda um dos assuntos mais polêmicos de nossa área que é a participação de crianças e jovens no esporte. No momento que assistimos uma queda imensa de praticantes do basquetebol e a continuidade de um modelo de competição totalmente inadequado, temos que repensar nossas estratégias.

Será que vale a pena continuar realizando “campeonatos” de mini basquetebol, para privilegiar uma minoria que se destaca por seus atributos físicos, técnicos e cognitivos, ou temos que pensar numa forma de fazer com que muitos outros tenham a chance de, pelo menos, experimentar esse esporte maravilhoso.

Enquanto o mundo todo realiza festivais de mini basquetebol, incrementando a prática do esporte, nós insistimos em campeonatos com 4 ou 5 equipes, totalmente inúteis, custosos para as instituições e que pouco contribuem para revelar valores para o futuro do esporte.

Fica o recado, ou a provocação.

Segue o texto:

O esporte é, constantemente, apontado como sendo um dos fatores que pode contribuir para a formação de crianças e jovens, invocando-se seus benefícios de ordem física, psicológica e social. A difusão do esporte através dos meios de comunicação, os exemplos de sucesso de atletas ainda jovens, o contexto social e a inegável influência de pais, professores e técnicos têm levado um número cada vez maior de crianças ao ambiente competitivo.

A competição infantil não é um tema recente, havendo registros dessas na Grécia Antiga. Os argumentos sobre a participação de jovens em eventos esportivos competitivos são muito contraditórios, havendo os defensores ferrenhos de crianças e jovens nessas atividades e também aqueles que são radicalmente contra essa prática.

A criança ou jovem quando procura pela prática de algum esporte pode estar pensando em uma atividade que o aproxime do grupo e que atenda às suas expectativas físicas, psicológicas e sociais. No entanto, muitas vezes, seus objetivos conflitam com os objetivos determinados por pais e técnicos que, desconhecendo alguns fatores fundamentais para sua permanência no esporte, podem provocar instabilidades no comportamento dos mesmos.

Há fatores favoráveis e desfavoráveis na inserção dessas crianças no esporte. Como fatores favoráveis são citados: inicio espontâneo, prática de diferentes atividades motoras, escolha livre da modalidade esportiva, oportunidade de jogar, jogar de acordo com as suas competências e limites, poder divertir-se e desfrutar da atividade e vencer, se possível. Já os desfavoráveis seriam: início induzido e/ou antecipado, prática de gestos específicos, especialização precoce, imposição por uma determinada modalidade esportiva, ter que jogar bem, vencer sempre e a qualquer custo.

Por que a criança escolhe determinada modalidade, ou um clube ou ainda aquele técnico específico? O contexto social tem forte influência no envolvimento da criança com o esporte sendo que técnicos, professores, pais, mídia e as instituições esportivas são fortes influências não só no momento de iniciar sua vida esportiva, mas também na modalidade que irá praticar.

Assim, o esporte também passa a assumir uma condição de objeto de desejo de crianças e, principalmente de pais (e agora os empresários) que o percebem como uma possibilidade de ascensão social e financeira. Esta percepção aumenta as expectativas quanto ao seu futuro esportivo e atribui às crianças responsabilidades dos adultos (horários rígidos, cargas excessivas de treinamento, obrigatoriedade de desempenhar no mais alto nível),

Deveria ser este o verdadeiro significado do esporte para as crianças? Todas têm a expectativa de serem grandes craques e resolverem seus problemas sociais e financeiros? Enfim, há no esporte, espaço para todos resolverem seus problemas?

Com certeza, haverá uma ínfima parcela de privilegiados física, técnica, tática, psicológica e cognitivamente que poderão chegar a patamares diferenciados, mas não necessariamente auferirem grandes vantagens a partir dessa condição.

Mas também com certeza, haverá uma esmagadora maioria que nem chegarão próximos ao Paraíso e que permanecerão no limbo do esporte de rendimento fazendo parte da estatística dos abandonos precoces ou tornando-se “simples praticantes”.

Evidentemente que as duas situações merecem consideração. Os “futuros atletas” têm que ter a oportunidade de aperfeiçoar seus atributos para seguirem em suas carreiras promissoras. E os “futuros não atletas” devem ter assegurada a possibilidade de praticar para satisfazer sua auto-estima e manter padrões mínimos de saúde física, mental, espiritual e social.

É nessa direção que os programas de esporte para a grande maioria devem apontar. Desvincularem-se da responsabilidade de produzir “craques” e “fenômenos” para produzir cidadãos que tenham no esporte uma alternativa de atividade. Sim, alternativa, pois considero que o esporte não deva ser o único responsável por essa inclusão.

Ela deve ser pensada de forma mais ampla, oferecendo ao jovem oportunidade de conhecer e vivenciar outras manifestações tão importantes quanto o esporte. Refiro-me às artes de maneira geral, à cultura e ao lazer.

A integração entre elas é que promoverá, efetivamente, uma inclusão social responsável e efetiva, levando aos jovens a oportunidade de desfrutar de suas vantagens e utilizar os conhecimentos adquiridos em sua vida cotidiana.

Faça a sua escolha

Leituras · Todos os posts

Boas Leituras: Wooden obrigatório

Amigos do basquetebol.

John Wooden talvez tenha sido o maior de todos os técnicos de basquetebol que esta terra pode conhecer. Detentor de 10 títulos universitários norte-americanos com a  Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA), invicto por 88 jogos (e quem conhece o basquetebol universitário americano sabe o quanto isto é difícil), criador da famosa “Pirâmide do Sucesso”, Wooden inspirou várias gerações de treinadores, inclusive a minha.

Eu tive a honra e o orgulho de conhecê-lo pessoalmente, fato já relatado nos posts “Lá se vão 35 anos” e “Encontro com Wooden” (clicar na categoria Memorial) e de ter lidos alguns de seus livros. E essas leituras são imperdíveis. Agora temos a chance de apreciar mais um livro desse grande mestre na obra “Jogando para Vencer”, editada no Brasil pela Editora sextante e que tem a aparesentação e comentários do nosso medalhista olímpico Bernardinho.

Este livro não fala de técnica, nem de tática e muito menos de jogadas mirabolantes para se vencer jogos. Ele fala de relacionamentos, conflitos e como enfrentá-loe e, principalmente, é uma lição de liderança, comprometimento e amor ao basquetebol.

Enfim, é uma leitura obrigatória para aqueles que querem aprender um pouco mais sobre a vida.